Curso de cinema e sexualidade na UFCSPA

Luiz Paulo Teló

O grupo de Estudos em Gênero, Sexualidade e Saúde (EGSS) da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) está promovendo o Curso de Extensão Gênero, Saúde & Cinema. O curso é aberto ao público e inicia na próxima semana, 16 de abril, com a exibição do filme Tomboy (Suíça, 2011) seguido de uma discussão com a palestrante convidada, Dra. Simone Ávila, assessora da Área Técnica de DST/Aids e Hepatites Virais da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre e pesquisadora do Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades (NIGS) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Serão realizados sete encontros durante o ano, sempre em uma quinta-feira de cada mês, das 19h às 22h. Também são destaques da programação títulos como Dzi Croquettes (Brasil, 2009), Patrik 1.5 (Suécia, 2008) e Positivas (Brasil, 2010). “A escolha dos filmes procurou, além de atentar para as temáticas escolhidas, contemplar filmes com pouca circulação comercial, de produção nacional ou ainda produções de países fora do eixo do cinema
norte-americano, a fim de contemplar, de certa forma, a diversidade cultural e artística do cinema”, afirma o professor Dr. Alexandre do Nascimento Almeida, coordenador do grupo EGSS.

As sessões acontecerão no Prédio Principal da UFCSPA, localizado na Rua Sarmento Leite, 245, no Centro de Porto Alegre. Mais informações, na fan page do grupo.

O grupo de estudos iniciou suas atividades em 2011 e o curso Gênero, Saúde & Cinema já teve outras três edições, mas em caráter de disciplina eletiva dentro da graduação. “Pretendemos, a partir deste ano, ampliar nosso diálogo através da transformação da disciplina em curso aberto”, destaca o coordenador. Segundo ele, o público-alvo passa a ser bastante amplo. “O intuito é promover a compreensão e o respeito à diversidade, bem como de realizar ações de educação em saúde”, completa.

Almeida ainda lembra que a mídia é uma das instâncias em que o gênero é reproduzido e representado, sistematicamente de maneira equivocada, se valendo de esteriótipos e preconceitos. Contudo, é através da mídia e das manifestações culturais que pode ser feita a desconstrução da heteronormatividade. “O uso do cinema como recurso pedagógico tem sido valorizado na busca por metodologias ativas que propiciem a construção colaborativa do conhecimento. Nessa ótica, todos/as nós temos diferentes saberes e é exatamente essa diversidade epistemológica que enriquece o debate sobre questões de gênero e sexualidade, o que – não raramente – desacomoda e desconstrói aquilo que pode ser associado ao senso comum”, completa.

Tomboy

Tomboy_2011

Talvez o nome do filme seja  fator mais explícito desse trabalho delicado e cuidadoso da francesa Céline Sciamma. A tradução literal do termo Tomboy é menina moleque. É assim que conhecemos Laure, uma menina que tem  por volta de 10 anos de idade, cabelos curtos, corpo esguio e que usa roupas nada femininas.

Laure, seu pai, sua mãe e sua irmã mais nova se mudam para um novo conjunto habitacional. Rodeado por uma enorme área verde, as crianças do condomínio se dão bem e passam parte do dia na rua, brincando. Pensando que seria aceita pelo novo grupo com mais facilidade, Laure assume a identidade de Michael e se apresenta como menino. A jovem parece já ter a consciência de que não encontrará na rua a mesma compreensão que tem dos pais, que não a contestam ou pressionam para que seja mais feminina.

Céline monta um cenário interessante, de uma família aparentemente sem problemas para discutir ou aceitar a sexualidade de um dos filhos. É uma sugestão importante. A responsabilidade de qualquer discussão mais profunda e preconceituosa fica a cargo das crianças, que apresentam certa dose de maturidade. Tomboy acaba sendo um belíssimo trabalho  de cinema e sexualidade sobre crescimento e descobrimento.

Gênero: Drama
Duração: 82 min.
Origem: França
Direção: Céline Sciamma
Roteiro: Céline Sciamma
Distribuidora: Pandora Filmes
Censura: 10 anos
Ano: 2012

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