Rocky: Um Lutador (1976)
Assim como milhares de amantes da boa música e fãs dos Beatles sonham em um dia poder tirar uma foto atravessando a famosa faixa de pedestre em Londres, onde o fab four fez o ensaio fotográfico para a icônica capa do disco Abbey Road, outros tantos milhares de cinéfilos desejam subir a escadaria do Museu de Arte da Filadélfia, imaginando a trilha sonora de Bill Conti, a marcante Gonna Fly Now, tocando ao fundo, e fazer a pose e os gestos que ajudaram a imortalizar a imagem de Rocky Balboa como uma das mais marcantes da cultura pop no século XX.
Foi há 40 anos, em um 21 de novembro, que Rocky: Um Lutador tinha a sua primeira exibição pública, em uma première nos EUA. Pouco tempo depois, no dia 3 de dezembro, estreava no circuito comercial das salas americanas. O filme que alavancou a carreira de Sylvester Stallone, e que tem o roteiro assinado pelo próprio, só chegaria ao Brasil em janeiro de 1977.
O drama, que conta a história do boxeador canhoto da zona sul da Filadélfia, foi, de cara, um sucesso de público e crítica, e faz parte de um subgênero do cinema que sempre brinda o público com grandes películas, o chamado filme de boxe. Na época, Rocky: Um Lutador teve nove indicações ao Oscar, vencendo como melhor filme, melhor diretor e melhor direção. Além de indicações ao Globo de Ouro – vencendo como melhor filme de drama – e outras cinco indicações ao BAFTA.
A História
Escrito e estrelado por Stallone, o filme foi dirigido por John G. Avildsen, que também dirigiu os três filmes originais da franquia Karate Kid e voltou a Rocky no quinto filme da série. O roteiro foi inspirado em uma luta que o então aspirante a astro de Hollywood acompanhou entre o desconhecido Chuck Wepner com o campeão Muhammad Ali. Inesperadamente, Wepner aguentou 15 rounds com Ali, chegando inclusive a derrubá-lo em certo momento da luta. Stallone escreveu a saga de seu protagonista em três dias, e só vendeu a história tendo a garantia que interpretaria o seu personagem.
Rocky Balboa vs Apollo Creed
Na trama, conhecemos um Rocky Balboa que nunca teve muitas chances no esporte, e vê como uma alternativa de ganhar algum dinheiro trabalhar como capanga de um agiota. Enquanto isso, o grande evento de final da ano se aproxima. A Filadélfia iria receber a luta em que o campeão Apollo Creed (Carl Weathers) defenderia seu título dos peso-pesados. Mas o desafiante acaba se lesionando, e para não cancelar o evento, Creed sugere que a luta seja realizada com um lutador local.
A partir do convite, Rocky passa a treinar com o ex-lutador Mickey Goldmill (Burgess Meredith). Nesse processo, também vemos o ‘Garanhão Italiano’, como era conhecido nas proximidades, praticando socos em carcaças de animais no frigorífico em que trabalhava seu melhor amigo, Paulie Pennino (Burt Young). Antes da luta, Balboa se aproxima de Adrian, irmã de Paulue, para quem confidencia que não espera ganhar a luta, mas aguentar os 15 rounds.
Cartaz original do filme. Tendo custo de produção de pouco mais de 1 milhão de dólares, Rocky foi rodado em 28 dias.
A sequências
Rocky acabou se tornando uma franquia bastante lucrativa, apesar de nenhum dos outros seis filmes serem considerados tão bons quanto o que deu origem ao personagem, em 1976. Até o ano de 1990, o boxeador estrelou cinco histórias, em que viveu dramas, altos e baixos na carreira, enfrentou Creed novamente, tornou-se seu amigo e, mais do que isso, acabou sendo moldado como a personificação dos valores norte-americanos, ainda mais por estarmos, à época, em meio a Guerra Fria. Em Rocky IV (1985), isso alcança seu ápice, pois Balboa disputa o título mundial contra o campeão soviético.
As duas últimas aparições do personagem vivido por Stallone aconteceram em 2006, em Rocky Balboa, e Creed, spin-off da série, lançado em 2015. No primeiro, Stallone volta à direção, e conta a história de um Rocky aposentado há cerca de 15 anos, frustado com o rumo que sua vida pessoal e profissional tomou. Na trama, as circunstâncias levam o personagem a aceitar subir no ringue novamente, para uma luta de exibição com o atual e polêmico campeão dos pesos-pesados.
Já no derivado Creed, Balboa retorna, mas não como o grande protagonista. Rocky é procurado por Adonis Johnson (Michael B. Jordan), filho de seu velho amigo e rival Apollo. O jovem, que nunca conheceu o pai, quer ser treinado pelo lendário lutador e conquistar respeito no mundo do boxe. Sylvester Stallone, que produziu o filme, acabou sendo premiado com o Globo de Ouro de melhor ator coadjuvante. Era considerado favorito ao Oscar, mas acabou perdendo para Mark Rylance, por seu papel em Ponte dos Espiões.
