Oscar 2018: Dunkirk, indicado em oito categorias

Especial Oscar 2018: Dunkirk, de Christopher Nolan

Por João Rosa para o Especial Oscar 2018

É muito difícil alguém gostar de cinema e não ficar no mínimo curioso diante de algum filme que Christopher Nolan acabara de lançar. Foi assim desde Amnésia (2000), seu primeiro grande filme. De lá para cá, entre uma trilogia que resgatou os filmes de um super-herói dos quadrinhos, películas que falam de sonhos e outras de espaço, a crítica e o público sempre atentam-se para novas produções deste cidadão.

Dunkirk (2017) não somente é um dos maiores e melhores filmes de guerra de todos os tempos como é também um espetacular longa sobre o que é de fato mergulhar dentro de uma sala de cinema e esquecer do mundo lá fora. Se na trilogia de Batman (2005, 2008 e 2012) e em filmes como A Origem (2010) e Interestelar (2014) o cineasta já tinha conseguido tal feito, na sua nova produção, que conta a história de 300 mil soldados encurralados por nazistas numa praia da França durante a Segunda Guerra Mundial, Nolan parece ter chegado ao ponto mais alto que qualquer diretor possa ter chegado.

O filme de guerra que não tem sequer uma gota de sangue derramada ao logo de seus 106 minutos, é simplesmente uma imersão dentro da praia de Dunquerque. Para isso, ele contou três núcleos diferentes entre a história: 1) os soldados ingleses que ficaram uma semana retidos na praia; 2) os civis que passaram um dia em alto mar a fim de resgatar os soldados retidos; 3) os caças que travaram batalhas aéreas contra nazistas por uma hora.

Para falar dos milhares de tropas aliadas presas na praia que estão se preparando para uma evacuação, em Dunkirk Nolan utilizou o espaçamento de uma semana, mostrando todo o desespero e incertezas em meio a explosões e rasantes de caças inimigos, que a qualquer momento apareciam e soltavam bombas, atingindo quem quer que estivesse na areia ou já em barcos em alto-mar. O enredo nestas cenas baseia-se na vida de alguns soldados que têm algo em comum: sair da praia a qualquer custo, nem que seja furando filas quilométricas para os barcos.

Foi necessário apenas um dia para mostrar a saga do Sr. Dawson (Mark Rylance), seu filho e um amigo em alto-mar. Os marujos corajosos e patriotas decidem pegar um iate e rumar até a praia de Dunquerque a fim de salvar o maior número de soldados possíveis. Porém, ambos não sabiam que no meio do percurso encontrariam um ex-comandante traumatizado que nem por um decreto gostaria de voltar a praia.

Já para falar dos caças, o diretor resolveu destinar apenas uma hora de batalhas com nazistas nos ares do Canal da Mancha. O objetivo de pilotos como Farrier, interpretado por Tom Hardy, era dar apoio aéreo para os soldados retidos, recebendo instruções para guardarem combustível suficiente com o intuito de poder voltar ao Reino Unido são e salvos.

Em Dunkirk, basicamente, Christopher Nolan misturou três núcleos em três estruturas temporais diferentes e as juntou no final. Mas não foi só isso. O excelente compositor Hans Zimmer está em uma das suas melhores performances já vistas (ou escutadas) e nos brinda com uma trilha de alta tensão, que provoca uma sensação de que algo sempre irá acontecer. Tensão, diríamos, é palavra mais apropriada para falar do longa, que desde os primeiros minutos até o fechamento, deixa o espectador sempre esperando por algo grandioso.

De tão reais, as explosões fazem os espectadores darem aqueles pequenos pulinhos da cadeira, principalmente quando se vai a uma sala de cinema de qualidade em que o som é de ponta e a imagem em IMAX, tecnologia presente nos últimos filmes do diretor. Nesta produção, Nolan fez questão de colocar as pesadas câmeras em locais jamais pensados, como por exemplo, grudada em um caça.

O roteiro de poucas falas é substituído por uma avalanche de adrenalina que é Dunkirk, o oitavo filme de Nolan. A fotografia em sua maioria cinza, deixa o tom apreensivo e ganha em dramaticidade, o que torna o primeiro longa do cineasta baseado em fatos reais ser uma verdadeira imersão na mais sangrenta das guerras.

Dunkirk já está disponível em blu-ray e concorre a na premiação do Oscar 2018 em: Melhor Filme, Direção, Fotografia, Mixagem de Som, Edição de Som, Design de Produção, Montagem, Trilha Sonora Original.

Nota: 9.0

Deve vencer nas categorias: Fotografia, Mixagem e Edição de Som.

João Rosa é jornalista e produtor cultural, tem 27 anos e é apaixonado por cinema. Em 2017, trabalhou na cobertura do Festival de Cinema em Gramado para o Culturíssima e agora assina uma série de textos especiais sobre os filmes indicados ao Oscar 2018. Leia AQUI os outros textos.

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