Resenha: “A Família Bélier”

familia-belier-critica-1

Luiz Paulo Teló

O cinema francês tem um charme especial. A começar pela fotografia, sempre muito marcante, passando pelo idioma, suave e agradável, até chegar nos atores, sempre uma grata surpresa. Nos últimos anos, dramédias competentíssimas produzidas na França têm chegado com força ao circuito comercial brasileiro, são casos como de Intocáveis e Eu, Mamãe e os Meninos e, mais recentemente, A Família Bélier.

O filme do diretor Eric Lartigau conta a história dos inusitados Béliers, moradores da zona rural de uma cidade no interior da França. Administradores de sua pequena fazenda, dos quatro membros, apenas Paula (Louane Emera), a filha mais velha do casal, não é deficiente auditiva. Aos 16 anos, ela é a interprete da família, sendo a interlocutora para traduzir o que diz o noticiário da tv, atender os clientes na barraquinha da família na feira da cidade, negociar com a cooperativa além, claro, de ir à escola e tentar ser uma adolescente normal.

O primeiro ato de A Família Bélier é promissor, apresentando os personagens e deixando evidente que, para Paula, não está sendo nada fácil acumular tantas responsabilidades, sobretudo quando descobre um talento até então adormecido: cantar. Ainda mais quando surge a oportunidade de ir estudar música em Paris, longe dos pais. Até aqui, o roteiro de Stanislas Carré sustenta a trama e injeta a dose necessária de bom humor para tornar tudo muito agradável.

Porém, no meio do filme as coisas se embolam. Abrem-se algumas subtramas que não são muito bem resolvidas, como a candidatura do pai Rodolphe Bélier (François Damiens) à prefeito da cidade e o romance de Paula com um colega popular da aula de canto. Ao ser mau explorado em cena, o jovem casal acaba não criando química.

paula

Jovem Louane Emera surpreende em atuação destacada.

A Família Bélier, contudo, deixa a cereja do bolo para o desfecho. O filme se revela uma belíssimo conto sobre o rompimento do cordão umbilical com os pais já na fase da adolescência, mas isso se dá por duas ou três cenas no final do longa, nos fazendo relevar o segundo ato mal resolvido da trama.

Louane Emera, atriz que interpreta a protagonista, é uma jovem cantora, participante da edição francesa do reality show The Voice, de 2013. A artista cresce de forma encantadora na parte final do longa e protagoniza uma das cenas mais emocionantes da história do cinema. Eric Lartigau teve o mérito de dirigir um clímax arrebatador, com Louane interpretando a canção Je vole, de Michel Sardou.

As lágrimas são quase inevitáveis, e o filme é salvo de maneira digna e merecida.

Ficha Técnica

Gênero: Comédia, Drama

Duração: 102 min.

Origem: França

Direção: Eric Lartigau

Roteiro: Stanislas Carré

Distribuidora: Paris Filmes

Censura: 12 anos

Ano: 2014

Adicionar a favoritos link permanente.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *