Resenha | Homem-Aranha: Longe de Casa

Luiz Paulo Teló

Acho que sempre começo os textos sobre filmes do Homem-Aranha (esse já é o sétimo!) explicando que se trata do meu herói favorito, desde a infância, portanto sempre me divirto demais quando assisto. Não é diferente com Homem-Aranha: Longe de Casa, a segunda aventura solo do teioso no Universo Cinematográfico Marvel. Na verdade, solo até ali, mas falo sobre isso no decorrer da resenha.

Aqui, Peter Parker volta a ser vivido por Tom Holland nesse que, por incrível que pareça, já é sua quinta aparição no MCU como Homem-Aranha desde 2016, quando fez sua estreia em Capitão América: Guerra Civil. E Holland me parece cada vez mais à vontade no papel, além de se mostrar muito bom ator, entregando com notável carisma aquilo que o personagem pede: insegurança, timidez, receio de não corresponder e, claro, coragem quando chega a momentos quase que extremos. É bom lembrar, e o próprio personagem se justifica para Nick Fury em algum momento, Peter Parker ainda tem 16 anos.

Homem-Aranha: Longe de Casa é muito bom. Funciona como comédia, funciona como romance teen e funciona como aventura. Evolui até aspectos da computação gráfica do de Volta ao Lar que me incomodaram mais que aqui. Portanto, se trata de mais um grande filme do MCU, e isso é bom e ruim ao mesmo tempo.

É ruim porque o Homem-Aranha está reduzido a um aprendiz ou pupilo ou substituto do Homem de Ferro. Há mais de um momento no filme em que a direção de Jon Watts e o roteiro de Chris McKenna e Erik Sommers deixam isso claro. Parece que a provação de Peter não é sair da sombra de Tony, mas sim se tornar o próximo Stark. Bem ou mal, isso faz certo sentido dentro do MCU. Fora dele, a impressão que fica é a de que esse Homem-Aranha nunca vai ser tão relevante quanto aquele da trilogia de Sam Raimi.

Mas o fato é que o spider de Jon Watts está sob a tutela do produtor Kevin Feige, que desde 2008 conduz com raros equívocos o universo expandido da Marvel nos cinemas. E é dentro deste contexto que o diretor trabalhou e, sem colocar qualquer tipo de assinatura, fez o trabalho que tinha de ser feito.

Longe de Casa é o passo seguinte depois de Vingadores: Ultimato. Ele amarra algumas questões macro deste universo de forma contida, assim como sinaliza alternativas para o futuro da franquia. Em meio a isso, Peter e seus amigos saem para uma excursão da escola pela Europa no melhor clima good feelings e romance adolescente.

O Mysterio é um dos pontos altos do filme. O personagem de Jake Gyllenhaal é bem adaptado das HQs para o cinema e suas cenas de ação ao lado e contra o Homem-Aranha são visualmente lindas, principalmente quando usa sua habilidade de criar ilusões. É em uma delas, no climax mais precisamente, em que o teioso vivido por Tom Holland ganha sua sequência de ação mais significativa do ponto de vista sobre o que é ser o Homem-Aranha.

Peter e MJ (Zendaya) passam boa parte do longa flertando, e o romance dos dois é um ótimo fio condutor da trama. MJ não é literalmente a Mary Jane, mas, definitivamente, o espírito da personagem é muito a Mary Jane Watson. Ned (Jacob Batalon) mais uma vez funciona muito bem como alívio cômico. Assim como a diversidade étnica do elenco é um ponto a ser exaltado, mesmo que isso signifique que personagens clássicos tenham suas aparências modificadas com relação aos quadrinhos.

A Marvel não erra em Homem-Aranha: Longe de Casa, faz uma comédia estilo “Sessão da Tarde”, tecnicamente irreparável e com ótimas cenas de ação. Mas não deixa de ser só mais um capítulo de uma série de filmes que continuarão interligando tudo. É bom, mas não é grande (e poderia ser?).

 

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