Luiz Paulo Teló
Vale uma reportagem o caminho muito claro que os estúdios de Hollywood têm adotado nos últimos anos, investindo menos em ideias originais e depositando muito mais grana em projetos que apresentam poucas coisas novas, mas garantem um retorno financeiro. Seja em franquias, em reboots ou em universos compartilhados, sem querer entrar no julgamento se as produções são boas ou ruins, o fato é que estamos vendo muita coisa que já foi vista. Jurassic World, quarto filme da franquia iniciada por Spielberg lá em 1993, está nesse time.
Dirigido por Colin Trevorrow e com roteiro de Rick Jaffa, Amanda Silver, Derek Connolly e do próprio Trevorrow, além da produção executiva de Steven Spielberg, Jurassic World assume o papel de um verdadeiro blockbuster. Sem vergonha nenhuma de apresentar uma trama rasa, apostando suas fichas no sentimento de nostalgia e cenas de aventura e suspense. Embora deixe a desejar se submetido a uma análise fria, o resultado final, como dispositivo de entretenimento, funciona.
A história se passa na mesma Ilha Nublar do primeiro longa, desta vez com o parque em pleno funcionamento, financiado pelo bilionário Simon Masrani (Irrfan Khan) e coordenado pela gerente de operações Claire Dearing (Bryce Dallas Howard). Depois de anos, administradores e acionistas precisam criar atrações novas para que o público não perca o interesse em visitar os dinossauros que, após uma década, não representam tanta novidade. A solução é ser mais ousado na manipulação genética que já vinha sendo feita desde o início da franquia. Para isso, a equipe de geneticistas do parque cria um dinossauro híbrido que mistura os DNAs de vários bichos. O animal é batizado de Indominus rex.
Obviamente, este novo dinossauro acaba sendo solto de alguma forma, o que dá o start em toda a aventura e suspense que decorrem nos 126 minutos de película. Incrementam a trama os sobrinhos de Claire, que vão passar as férias com a tia, e também o personagem de Chris Pratt, um ex-militar que reside na ilha e estuda os velociraptors. Pratt é apresentado sempre como o heroi, o cara capaz de controlar o caos instaurado com os dinossauros soltos na ilha.
O grande problema do filme está justamente nos personagens. Na verdade, na forma como estes personagens são desenvolvidos – ou como deixam de ser desenvolvidos. Nenhum deles consegue escapar de clichês óbvios, mesmo porque estão amarrados a subtramas igualmente clichês. A mulher fria e independente, o protagonista simpático, macho alfa, e a tensão sexual entre eles. A relação difícil entre irmão mais novo e irmão mais velho. Cientistas pouco preocupados com as consequências de seus experimentos. E assim vai. Ao longo do roteiro, boa parte destas subtramas são resolvidas de forma insatisfatória.
O ponto alto de Jurassic World, contudo, se dá na transição do segundo para o terceiro ato. Quando as cenas de ação definitivamente tomam a atenção do espectador. Se por um lado os efeitos especiais não causam o impacto, proporcionalmente, que os bons efeitos de 1993 causaram, ou até mesmo como os últimos filmes da série Planeta dos Macacos – para citar um exemplo recente -, eles são competentes e bem trabalhados. Principalmente na missão de criar um ambiente crível que é aquele zoológico com dinossauros, que recebe um público aproximado de 20 mil pessoas no dia em que o Indominus rex se solta.
No final das contas, Jurassic World cumpre bem sua função de filme pipoca. Ele apresenta de forma digna a franquia para uma nova geração e, possivelmente, vai ser responsável por criar uma legião de novos adoradores de dinossauros, coisa que era comum quando se tinha 10 ou 12 anos.
Cotação: 7
Ficha Técnica
Gênero: Aventura
Duração: 126 min.
Origem: EUA
Direção: Colin Trevorrow
Roteiro: Colin Trevorrow, Rick Jaffa, Amanda Silver, Derek Connolly
Distribuidora: Universal Pictures
Censura: 12 anos
Ano: 2015
