Resenha (SPOILERS) | Star Wars: O Despertar da Força

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Luiz Paulo Teló

Para quem ainda não viu o filme, publicamos também uma resenha sem spoilers (acesse aqui). Para quem, a partir daqui, segue lendo este texto, saiba então que vou comentar alguns aspectos específicos da trama e de seu desenrolar. O mais importante, contudo, para os fãs de cinema e seguidores da franquia, é que Star Wars: O Despertar da Força entrega um excelente produto, misturando com maestria os sentimentos de nostalgia e novidade.

Tenho comentado já em outras resenhas que Hollywood vive uma crise de criatividade. O cinema blockbuster não inventa mais, ele apenas se reinventa em certa medida. Não por acaso borbulham nesses últimos anos filmes derivados de franquias, universos estendidos e remakes. Sem entrar muito no mérito, entendo que isso tenha lá sua dose de impacto negativo, mas, por outro lado, movimenta muita grana para os estúdios e, vez ou outra, entrega resultados empolgantes aos espectadores. É o caso de Star Wars: O Despertar da Força.

O sétimo episódio de uma das maiores franquias do cinema tomou os fãs de uma expectativa monstruosa. A possibilidade de causar uma decepção coletiva parecia grande, afinal a tentativa de retomar o universo de George Lucas no cinema, no início dos anos 2000, resultou em três filmes bastante discutíveis. Agora, nas mãos de um nerd incondicional como o diretor J.J. Abrams, e sob a tutela exigente da Disney, errou-se bem menos. Na verdade, os acertos da nova aventura tornam perdoável qualquer equívoco.

A começar pela escolha dos dois protagonistas, Daisy Ridley e John Boyega. Uma sensibilidade muito bacana, entendendo o momento em que se vive e os anseios para uma sociedade representada de maneira mais justa na mídia de uma forma geral. A dúvida era em quem a Força vai despertar: na jovem Rey ou no menino negro Finn? Toda a divulgação do filme pendia para o personagem de Boyega, um soldado stormtrooper que decide  se voltar contra a Primeira Ordem (organismo paramilitar surgido após a derrota do Império, em O Retorno de Jedi, de 1983). Finn é uma alívio cômico na medida certa, além de demostrar um entrosamento perfeito com Rey desde suas primeiras cenas.

Porém, com um arco dramático apresentando a mesma estrutura do primeiro longa da franquia (Uma Nova Esperança, de 1977), quem tem a Força é a Rey, a jovem catadora de sucata, que vive no planeta Jakku e foi abandonada por sua família. A aventura chega até ela, e com um misto de sorte, ousadia e competência, vai superando os obstáculos que a jornada lhe oferece, tal qual Luke Skaywalker (ainda vivido por Mark Hamill). Daisy Ridley toma conta do papel, e apresenta uma personagem forte, mas que em momento nenhuma precisa ser masculinizada.

Como em um rito de passagem de bastão, os personagens clássicos de Star Wars participam de forma efetiva, sendo importantes para a trama e também oferecendo um delicioso fan service, como na cena já clássica em que Han Solo (Harrison Ford) e Chewie (Peter Mayhew) entram novamente na  Millennium Falcon (foto). É assim também com as aparições de Leia (Carrie Fisher), dos dróides R2-D2 e C-3PO e também com o mito em torno dos nomes de Skaywalker e Darth Vader, sempre mencionados.

"Chewie, estamos em casa"

“Chewie, estamos em casa”

Dentro desse contexto, passa a ser importante para a nova trilogia a morte de Han Solo, ainda mais pelas mãos do vilão Kylo Ren, filho do próprio Solo com a Leia e, portanto, neto de Vader. Conflitos familiares e a sedução entre a Luz e o Lado Negro sempre estiveram presentes na franquia. Em O Despertar da Força é mais uma vez bem trabalhado, ajudando, inclusive, a propor a independência aos novos protagonistas para as sequências seguintes.

Aliás, o vilão Kylo Ren (Adam Driver) é uma das boas notícias do longa. É um personagem perturbado, que vive à sombra das figuras do pai e do avô. Há um conflito nessa relação, o que faz dele um vilão que não tem aquela segurança e confiança que tinha Vader, mas sim um desequilíbrio ainda mais perigoso.

Se tivesse que falar de pontos negativos, lembraria de dois personagens que destoam do resto, não por serem ruins, mas simplesmente por serem digitalizados: Snoke (Andy Serkis) e Maz Kanata (Lupita Nyong’o). Afinal, aqui o universo proposto ao espectador é mais crível do que nunca. Os efeitos práticos voltaram a ser utilizados com mais frequência, enquanto o digital, a maior parte das vezes, aparece com elegância. Tudo auxiliado por uma fotografia exuberante. Há quadros realmente bonitos em  Star Wars: O Despertar da Força.

Ao final desse primeiro ato, ficam muitas dúvidas. Nem todas precisavam ser respondidas, é natural que se guarde muitas coisas para os próximos dois filmes, porém há uma certa dose de preguiça, ou mesmo questões ainda não resolvidas dentro da equipe de criação da nova trilogia. Este sétimo episódio termina com Rey finalmente entregando o sabre ao Luke, que passou o filme todo desaparecido. Sabe-se que ele a conhece, mas ainda não sabemos qual o seu nível de relação com a personagem. Me parece que grande dúvida é que caminho tomar a partir de agora: ou Rey é uma Skywalker e a saga segue contando a história dessa família ou então ela é de uma outra linhagem que passaremos a conhecer. A segunda opção me parece mais rica.

Cotação: 9

Ficha Técnica

Gênero: Aventura / Ficção Científica
Duração:  136 min.
Origem: EUA
Direção: J.J. Abrams
Roteiro: J.J. Abrams, Lawrence Kasdan, Michael Arndt
Produção: Bryan Burk, J.J. Abrams, Kathleen Kennedy
Fotografia: Daniel Mindel
Trilha Sonora: John Williams
Distribuidora:  Disney
Estúdio: Bad Robot / Lucasfilm Ltd
Censura: 12 anos
Ano: 2015

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