Resenhas Oscar 2019 | Green Book

Viggo Mortensen e Mahershala Ali em “Green Book”

Por João Rosa para o Especial Oscar 2019

Cansado de ter que separar brigas na famosa boate nova iorquina “Copacabana” e ter que participar de disputas de quem come mais cachorro quente por míseros 20 dólares, Tony Lip resolve ir atrás de um trabalho mais digno e que possa lhe pagar melhor. No dia da entrevista de emprego, um homem negro surge com uma postura de dar inveja e com uma voz mais suave que veludo numa sala muito bem decorada. Além destas atribuições, o doutor, como é até então chamado, possui um charme e estilo sem igual, o que desperta tamanha atenção do entrevistado, que só quer uma oportunidade para mudar de vida de uma vez por todas.

De Peter Farrelly, conhecido diretor de comédias, Green Book é um dos filmes mais premiados no circuito que antecede o Oscar 2019, muito devido ao fato dele ser fidedigno a sua real história, sem as chamadas licenças poéticas, que sempre acabam distorcendo a maioria dos casos baseados em fatos reais. Muito bem conduzido pelos seus protagonistas Viggo Mortensen (Capitão Fantástico) e Mahershala Ali (Moonlight), que vivem Tony Lip e Doutor Don Shirley, respectivamente, o longa de pouco mais de duas horas de duração conta a história de um carcamano gente boa do Bronx (Mortensen) e um pianista clássico (Ali) que pretende percorrer os Estados Unidos com sua turnê, no entanto precisa achar urgentemente um motorista para o conduzir nas incansáveis viagens.

No final dos anos 1960, negros que precisassem viajar ao Sul do solo americano, poderiam simplesmente não voltarem das suas respectivas viagens devido ao preconceito fortíssimo contra as nomeadas pessoas “de cor”. A situação naquele período era tão crítica, que se um deles se arrisca-se um centímetro, poderia muito bem ser espancado ou até mesmo desaparecer do mapa sem deixar nenhum vestígio.

Green Book, criado por um carteiro chamado Victor Hugo Green, era o nome de um livro verde que trazia uma lista de restaurantes e hotéis que aceitavam pessoas de pele negra. Tony e Don Shirley, confrontados com o cruel racismo latente do período, acabam sendo forçados a deixar diferenças de lado para poderem sobreviver em meio a viagens desgastantes, mas que aos poucos vão tornando-se agradáveis devido ao estreitamento de relação da dupla.

A nível de atuação, Viggo e Mahershala (mais que favorito a levar a estatueta de Melhor Ator Coadjuvante, assim como levou por Moonlight) dão um show de emoções nas telonas, seja na parte emocional, muito presente no personagem de Mortensen, ou na finesse do ator do momento em Hollywood. Com uma química grandiosa, ambos nos brindam com ótimas interpretações, que fazem jus às indicações.

Nota: 7.5

Concorre nas categorias: Melhor Filme, Ator, Ator Coadjuvante, Roteiro Original e Edição.

Prováveis estatuetas: Melhor Ator Coadjuvante.

João Rosa é jornalista e produtor cultural, tem 28 anos e é apaixonado por cinema. Em 2017, trabalhou na cobertura do Festival de Cinema em Gramado para o Culturíssima e novamente assina a série de textos especiais sobre os filmes indicados ao Oscar 2019.

Adicionar a favoritos link permanente.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *