Batemos um papo com o radialista e comediante Eron Dal Molin

Eron Dal Molin comanda o programa Na Geral, diariamente das 18h às 19h.

Luiz Paulo Teló

Eron Dal Molin ficou muito conhecido a partir da década de 90, quando passou a atuar na rádio Atlântida de Porto Alegre. Dono de um senso de humor refinado, o comunicador destacou-se muito por causa de seus personagens, como o colono Papaéu e a colunista social Charlote. Versátil, também formado em Publicidade e Propaganda, o radialista passou por várias emissoras, fez televisão, trabalhou com programas esportivos e levou seus personagens para o teatro.

Atualmente, Eron está na Rádio Farroupilha, e participa do programa Bafão, ao lado de Cristiane Silva e Adriano Domingues. Nesse papo exclusivo com o Culturíssima, ele comentou como tem sido trabalhar com esse público bem diferente do que se habituou a falar desde sua chagada a Porto Alegre, no final da década de 80. Ele também contou como sua trajetória iniciou, aos 14 anos, o que pensa à respeito de como fazer humor e também sobre sua paixão por jogos de tabuleiro.

Culturíssima: Como aconteceu de você começar a trabalhar em rádio com 14 anos?

Eron Dal Molin: Foi por causa de um bloco de carnaval. Na verdade, eu já tinha paixão com essa história de gravador. Comprei um gravador quando era piá, e ficava gravando. Gostava de ouvir narrações, de Formula 1 e outras coisas, e ficava imitando os caras. Aí por causa de um bloco de carnaval que participava surgiu um programa em uma rádio de Faxinal do Soturno. O bloco era de um clube, de uma sociedade lá de São João do Polesinê, onde nasci. Meus pais moram lá até hoje. E esse clube alugou um espaço dentro da rádio, mas quem ia fazer o programa? Aí como já sabiam dessa minha história, me chamaram. Nem lembro mais o que eu fazia! Tinha que divulgar o bloco e o carnaval da sociedade no programa, umas duas vezes por semana, duas horas de programa. Foi quando tive o primeiro contato com o ambiente de rádio. Era a rádio São Roque de Faxinal do Soturno. Gostei muito, mas foram só três meses. Um verão.

Depois, mais tarde, quando fui fazer faculdade em Santa Maria, tinha que trabalhar. Então fui visitar a rádio Guarathan, já por indicação de um cara lá da São Roque, e pedi emprego. Tem até uma passagem engraçada. O cara me perguntou o que eu queria fazer. Disse que qualquer coisa, até de locutor [risos]! O cara deu risada, mas não falei como piada, foi o que me veio na cabeça. Mas aí acabou pintando. Ele me deu um gravador e me mandou pra rua. Era um programa jornalistico, e ele queria ver se eu sabia fazer entrevista. Já estava na faculdade, tinha de 17 para 18 anos.

Mas teu curso era Publicidade e Propaganda, né?

Isso, fiz Publicidade. Mas na verdade deveria ter feito jornalismo. Fiz publicidade por sei lá o quê. Foi uma faculdade que me decepcionou. Não que ela fosse ruim, mas não me encaixei. Só que aí, como já estava fazendo, fui até o fim. Bem, nisso comecei a trabalhar, o cara gostou das minhas entrevistas. Fiquei um ano ali, fazendo estágio. Dali fui para uma agência de propaganda, que anunciava na rádio. Então minha vida sempre foi esse paralelo de publicidade, com jornalismo. Daí conheci um cara de rádio, que era o Gerson Pont. Ela trabalhava na Atlântida de Santa Maria, e um dia faltou um locutor e os caras me chamaram para um teste, e assim vai.

E da pequena São João do Polesine, como surgiu o gosto pelo rock e a veia artística?

O humor vem desde criança, sempre fazendo imitação, brincadeira, essa história toda de ser abobado. Mas o lance do rock foi de repente. Meu irmão gostava muito de música e os caras traziam discos, na época importados. Beatles, Stones, cresci ouvindo esse tipo de coisa por causa do meu irmão. Gostava muito, mas quando descobri Iron Maiden, na faculdade, aí a minha vida mudou. Aí enlouqueci mesmo, e consegui conciliar esse gosto pela música com o trabalho no rádio, fazendo programas, como o Feras do Rock. Trabalhei na Ipanema por muito tempo, e ali consegui unir a paixão com trabalho. Mas nunca pensei em fazer música. Até hoje faço aula de canto, depois me envolvi com banda, de brincadeira e acabou virando um troço mais forte. E até hoje, Iron Maiden ainda é a melhor banda do mundo.

Quando ingressa na faculdade e começa a trabalhar com comunicação, o teu projeto já era vim pra Porto Alegre?

Não, aconteceu. Logo que entrei na faculdade já comecei a trabalhar na rádio, depois uma agência de propaganda, rádio Atlântida, então o curso sempre foi paralelo com o trabalho. Quando me formei, em 87, aí sim tive que tomar uma decisão de vida. Até 87 a vida foi fantástica e maravilhosa, porque não tinha o que pensar, estava fazendo a faculdade, trabalhando, tinha grana pra se sustentar, namorando aqui e ali. A vida era uma festa.

Minha irmã é dentista e meu irmão é engenheiro civil, que são profissões já estabelecidas, como médico, advogado, que têm uma carreira praticamente traçada. Claro, sempre tem escolhas, tu vai decidir qual especialização vai fazer, onde vai morar e tal. Mas na comunicação social, são muitas as possibilidades. E quando me formei, me bateu, e acho que bate em muita gente: e agora, o que eu faço? Estava me formando para ser publicitário. Estava radialista, mas é uma coisa que aconteceu, não tinha certeza se era aquilo que queria. Aí busquei um estágio em Campinas. Minha irmã mora lá até hoje. Ela me apresentou uma pessoa de uma agência, gostaram de mim e fui trabalhar lá. Então me formei e larguei tudo para ir para Campinas. E olha que eu estava na TV e na rádio, em Santa Maria. Era o cara que falava de cultura no Jornal do Almoço, já era gerente da rádio, com uma namorada fixa há alguns anos, e larguei tudo isso em troca da profissão que escolhi. Que achei que era a profissão que eu queria. Aí lá em Campinas, caí na saia da minha irmã, como minha segunda mãe. Fui morar com ela, primeiramente. Meu deus, cara, minha liberdade foi pra banha. Uma cidade estranha, não conhecia ninguém. Horrível. Por sorte, o Jorge André Brites, que era diretor da Atlântida aqui de Porto Alegre, me chamou e fez uma proposta de emprego. Aí mais uma vez tive que tomar uma decisão. Topei, larguei tudo de novo e vim para Porto Alegre em 88.

Então, desde essa época pra cá, você trabalhou em diversas rádios jovens FM, de um perfil bastante similar, basicamente de pop e rock. E agora, na Farroupilha, como está sendo o contato e o retorno do público em relação ao teu trabalho?

Estou me divertindo. Nunca imaginei! É uma coisa curiosa e bipolar. Estou tendo uma liberdade que poucas vezes eu tive. Tive já no Cafezinho, da extinta Pop Rock [atualmente, rádio Mix FM]. Aqui, voltei a fazer o que fazia lá, só que para outro público. Um público mais adulto, mais popular, mais povão. O retorno é diferente, até fiquei preocupado se iam entender o que faço. E a receptividade é maior. Que estou sentindo, pelo menos. Gostam mais e entendem mais, imagino, pelo retorno que a gente tem. Aqui o contato é mais direto, o público da Farroupilha não tem frescura. É um público apaixonado pela rádio, entendendo tudo o que está acontecendo ali. Só não me identifico com a parte musical. Não é minha praia. Enfim, me abstenho dessa parte. Foco na parte de humor, de brincadeira e, ao mesmo tempo, uma possibilidade de acabar falando de algumas coisas rápidas, sérias, de notícias, de opinião e tal. Muito bom, estou bem feliz.

Um dos quadros que consagrou o personagem Papaéu

Por duas vezes você foi gerente de conteúdo da Ipanema. O que é preciso fazer para inovar o rádio e buscar audiência em tempos de tantas incertezas na comunicação tradicional?

Estava lembrando disso com a história do Uber e dos taxistas. É uma coisa inexorável. Não adianta o taxista querer barrar, é o futuro. Seria a mesma coisa se os radialistas fossem pra rua protestar contra a música na internet, contra as rádios webs. Não tem o que fazer, só buscar se reinventar. Uso muito a analogia da ponte. O barqueiro que cobrava para atravessar os carros de um lado a outro do rio em uma barca. De repente fizeram uma ponte. Aí o barqueiro vai ter que bolar alguma coisa, uma festa, um jantar, para que alguém deixe de usar a ponte para atravessar na barca. A pergunta é: por que alguém vai pagar para ter alguma coisa se pode ter de graça, em uma sociedade capitalista? O taxista é o barqueiro, vai ter que se reinventar, e o rádio está na mesma situação. Qual a saída? Conteúdo, e é o que as rádios estão fazendo. Hoje tem muito menos música, porque virou commodity. Tem muito menos rádios musicais, elas fecharam, como a Ipanema, ou são reduzidas, como o que sobrou do público que ainda consome. A gurizada nova não está consumindo música em rádio, então é preciso bolar conteúdo, uma das saídas é essa. Tu vê a rádio Gaúcha, que vai contrário à maré, porque ela conseguiu fazer uma coisa, aproveitando toda a estrutura, e dentro da RBS, é a que está mais focada no futuro, fazendo serviço, jornalismo, e pra isso é preciso ter repórter, estar in loco, o que a internet não vai te dar. Olho para daqui a 5 ou 10 anos, e vejo a Gaúcha fazendo isso, e mais o que vier, e tendo relevância, estando viva, cheia de clientes, cheia de gente ouvindo. Ah, e por que a Bandeirantes, que faz a mesma coisa, não tem essa mesma relevância? Bem, a Gaúcha sempre teve a estrutura da RBS e tal, mas estão pagando quantos repórteres? E quantos a Band está pagando? É um circulo vicioso, para fazer comida é preciso contratar cozinheiros. Tem que ter investimento, detectar o mercado e acreditar. Já na questão de rádio musical no FM: show ao vivo, banda no estúdio. Mas as rádios web vem com tudo. A diferença do rádio hoje é que tu ouve no carro, mas daqui a um tempo, se começar a pegar as web no carro também? Musicalmente acho que não tem saída, mas em termos de conteúdo, tem que aproveitar a equipe que tu tem. Não posso fazer o Bafão Farroupilha na minha casa porque não tenho uma estrutura para chamar os meus amigos , não tenho um estúdio, não tenho como pagar carteira assinada pra todo mundo. Quanto custaria? Mas o conteúdo do Bafão, daqui a 10 anos, pode existir tranquilamente, e faz uma coisa que na web tu não acha.

Como foram as tuas passagens pela Ipanema? Você não estava no ano em que ela fechou, mas esteve ali nos últimos anos. Que impressão teve desse momento?

Consegui sair antes. Foi muito triste esse final. A Ipanema sempre foi uma ovelha negra, dentro mesmo do gruo Bandeirantes, e esse termo até usamos em uma campanha que criamos quando eu estava lá. Se tu leu o livro do Mauro Borba [Prezados ouvintes: histórias do rádio e do pop rock : da criação da Ipanema ao Cafezinho, 2001] tu vai ver que ela nasceu como um aborto da natureza. Foi um acaso, deram para os guris brincar e acabou dando certo. Ela fez muito sucesso comercialmente, porque naquela época havia muita gente que consumia aquele produto, que não existia em internet nem em outro lugar. Tinha todos os valores que se fala hoje, como ter transparência, ser verdadeiro, estar à frente, pensamentos elevados, todas as premissas da comunicação hoje estavam na Ipanema. Não tinha jabá, as pessoas falavam o que pensavam, quase todos tinham um pensamento mais de esquerda, no sentido de pensar o social, tratar as pessoas como iguais, e tudo isso estava lá. Como não tinha concorrência, ninguém fazia isso, deu muito certo, havia vários clientes que se identificavam. Muitos clientes ficaram anunciando 20, 30 anos na rádio porque se identificaram. Então deu muita grana, deu muito certo, mas na minha ótica a Bandeirantes nunca encarou isso com o profissionalismo que precisava. Se fizesse, a Ipanema hoje poderia ser a Gaúcha da música. Os caras deixaram a Ipanema por conta, ser ela mesma, mas sem investimento. Ela não se preparou para o futuro, e quando veio a internet, o publico começou a pulverizar. Ali, no final, não tinha o que fazer mesmo. Todas as opiniões que tinha na rádio tu acha em blogs, as músicas também tu acha na internet, então o que poderia fazer o público ouvir rádio eram os comunicadores, mas aí demitiram a maioria deles. Eu entrei na Ipanema duas vezes como gerente não porque eu quis, era a vaga que tinha. Eu queria era ser locutor, a gestão era o ônus, o bônus era estar no ar, tocar música. E no início, por ter vindo da Atlântida e coisa e tal, sofri uma resistência do público, o que depois foi superado, mas daí a ser um Alemão Victor Hugo, uma Katia Suman, uma Mary Mezzary, pô, não dá! Eles viveram a fase áurea da Ipanema, e daí o radio tem isso, tu cria um empatia com o ouvinte, e ele te respeita, te idolatra, e isso eu nunca tive.

Quando você começou a fazer teatro?

Desde criança, na escola. Tinha um festival anual de teatro. Tu vê que legal isso, incentivar na criança já o gosto pelo negócio. Eu escrevi roteiros.O primeiro que escrevi era meio parecido com os Trapalhões. Aí reunia os amigos e apresentava na escola. Ganhei até prêmio de melhor ator, tenho ainda a medalhinha lá em casa [risos]. Aí depois aqui em Porto Alegre, conheci o pessoal do teatro, com o sucesso do Papaéu, que também foi por acaso, por causa de um quadrinho humorístico que fizemos no ar. O Escova trouxe de São Paulo, até hoje não sei quem é o autor desse quadro, que é aquela história do personagem que diz que tem o corpo frechado e que vai fazer alguma coisa e não vai acontecer nada. O Escova até já morreu. Ele trouxe esse quadro e precisava de alguém pra fazer com ele, um personagem que sempre morrese, e aí fiz o Papaéu, baseado em uma imitação dos colonos lá do Polesine que eu fazia. Como vi que trabalhava na rádio, ganhava um salário e tinha um personagem famoso, pensei em fazer uma peça. Foi aí que conheci o Celso Santana, que se tornou meu parceiro de várias peças. Mas é uma batalha inglória, ganhar grana com teatro é difícil.

Estar no rádio, ao vivo, todos os dias, ajuda a dar vida aos personagens, diferente do teatro, que tem uma história fechada e vai ser aquilo sempre. Teus personagens hoje tem essa vida, né?

Isso parece fácil, mas foi no Cafezinho que desenvolvi essa habilidade. Isso tu constrói dia a dias e só o rádio vai te dar. Usando o rádio como teatro, tu tem uma linguagem única, porque tu está todo dia vivendo roteiros. Faço o Papaéu, a Charlote, mas não são muitos. Se pegar um personagem verde, o Maluf, por exemplo, eu imito, mas não tem vida. Aí teria que trabalhar isso, e como sou anárquico não fico pensando em desenvolver o personagem, gosto que seja natural. Por isso que tem muito imitador e pouca gente que faz personagem. Pra chamar de personagem, tu tem que saber quantos anos ele tem, o que ele pensa, o que ele sente. O Papaéu é um nazista italiano sem saber. Ele não sabe que ele é nazista, mas ele é. É o TFP: tradição, família e propriedade. E muitos colonos são assim e não sabem, basta que leiam o mesmo jornal, vejam a Globo e tal, e o cara acaba tendo conceitos militares da vida [risos]. Não é o que eu penso, mas se for fazer todos os personagens com o que penso, aí não é personagem. Por outro lado, tenho que cuidar para que as pessoas não acreditem. Daqui a pouco, com o Papaéu, estou criando nazistas. Isso é um desafio, conseguir passar que é brincadeira, é um personagem, não é sério. Aí vem o humor de transformação. O humor nasceu para ser transformador, ele trabalha com o erro, e não para reafirmar establishment, o que já existe. E a maioria do que estão fazendo hoje é reafirmar. Por isso que é ruim fazer piada com negro, com gay, se ela reafirma a condição de inferioridade. Então é complicado, a pessoa pode se ofender com uma coisa que tu fez.

Essa coisa da piada que reafirma preconceito é muito mau compreendida por um pessoal que sempre se coloca contra a dita norma do politicamente correto.

Se tu pegar o Charles Caplin, ele gozava do guarda, da polícia, tanto que foi perseguido por isso. Tu ria do guarda, que representa o Estado opressor, não do guri pobre. Entende a diferença? Rir do guri pobre é fácil, ele já está ferrado mesmo. E ele, o Chaplin, era um vagabundo. Ele está criticando os vagabundos? Não. Então, tu ri da situação, do tropeço, da coisa do clown e do guarda, não como pessoas, mas que representa a instituição. Esse humor é fantástico, mas fazer isso não é fácil. Procuro pensar nesse sentido, e se não consigo às vezes ou há interpretação errada, é um erro meu, mas que não queria ter feito.

eron dal molin_teatro

Esse ano tu estreou Rádio Odair, uma peça nova. Como foi?

Fraca de público. Papaéu e o Ataque dos Clones fiz quando estava na Pop Rock e foi bem legal, botamos bastante gente nos locais em que fomos, se sustentou. Mas aí, minha carreira tem disso, saio daqui, vou pra lá, casualmente acaba a rádio, troca o gestor. Nem digo que sou azarão, porque já vivi vários momentos de sucesso. E o teatro que fiz sempre foi ligado a fama que fiz em algum veículo. E o Bafão Farroupilha está começando agora, então não estou com essa fama. O momento foi péssimo para lançar, porque a crise é a maior que já vi, e não tendo um veículo, não tem gente. Fizemos no Teatro de Arena, maravilhoso, mas foi pouca gente, e as pessoas que foram adoraram, o texto funcionou. Mas aí, estamos pagando para trabalhar. Uma empresa comprou agora, vamos estar em julho em Campo Bom, tem algumas outras propostas. Não está morto, mas ficar fazendo em teatro, tirando dinheiro do bolso, realmente, é brabo.

Você é muito aficionado por jogos de tabuleiro. Isso voltou como força no Brasil no últimos anos e você chegou a lançar um jogo desenvolvido por ti. Como tem sido isso?

O que tem de jogo novo, bom, é inacreditável. Tem público consumindo no mundo e no Brasil está crescendo. Tem um amigo meu, meu sócio, foi aos EUA, visitou as lojas e, nossa senhora!, o que tem de loja! O jogo de tabuleiro vem num movimento tipo o slow food, uma reação ao fast food. O tabuleiro é uma reação aos jogos digitais, que isola as pessoas. Une no virtual, mas olhar na cara, comer alguma coisa, tirar sarro, isso o board game. É um mercado muito grande, e estamos entrando profissionalmente. Lancei O Ataque dos Tubarões, e está vendendo acima do que imaginávamos. E tem o segundo jogo, que está em protótipo, estamos em tratativas pra lançar, e esse é porrada, para lançar no exterior. Jogar é fantástico, é uma paixão. Faço isso todas as semanas, há 30 anos.

Eron, você já trabalhou com esporte, humor, televisão, teatro, jogos de tabuleiro. Que projeto você pretende ou tem vontade de desenvolver nos próximos anos?

Estou focado em dois projetos que espero que dê certo nos próximos anos. Um é esse aí, dos jogos. Um projeto de vida, a logo prazo, ser um desenvolvedor de jogos de tabuleiro. Isso tem mercado, mas se não tivesse, eu ia fazer igual, para brincar, como sempre fiz. Tenho dois sócios, montamos uma empresa, lançamos esse primeiro jogo, do nosso bolso. Gastamos 30 paus, 10 de cada um e lançamos o jogo. Saíram 500 jogos, e de dezembro pra cá vendemos uns 150. Só aqui, sem divulgação, no grito.

O segundo projeto é uma banda, que é a Cavalo Marinho. Desde quando inventei essa história, junto com o Diasper Lucho, de fazer mash up, enlouqueci com isso! Um dia vai dar certo essa merda, nem que seja na honestidade [risos]! É muito engraçado. É a crença teimosa do cara que acredita naquilo que ele gosta. Comecei a cantar de besta, não sabia cantar. Aí quando vi que esse negócio poderia dar certo, comecei a fazer aula de canto, em 2011. Se é para cantar, tem que fazer alguma coisa melhor. Quando consigo olha ou ouvir aquilo que fiz a uma certa distância, e gosto, penso: foda-se, eu vou adiante. E sei também quando não gosto, quando ouço e vejo que não estou cantando bem. Até por isso o troço nunca foi montado às ganhas. O Arthur [de Faria] tinha uma frase maravilhosa: “Isso bem tocado, seria maravilhoso”. Sei que tenho um negócio do caralho, que muito gente vai ouvir, entender a bobagem e achar do caralho, mas precisa estar bem feito. Precisamos de um puta baterista, de um puta baixista, preciso estar cantando melhor. Casualmente, na semana que vem, vamos começar a ensaiar com a nova formação. Todas músicas são bregas, antigas da MPB, tocadas com um riff clássico de rock, por uma banda jamaicana. É como se o Sublime pegasse e tocasse esse mash up de Fuscão Preto com Guns N’ Roses. ATé nós chegarmos nisso, deu um monte de merda. É a loucura da loucura da loucura. Acho muito engraçado.

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