#MeuAmigoNico | Campanha busca recursos para eternizar obra de Nico Nicolaiewsky

Nico Nicolaiewsky_campanha meuamigonico

No próximo dia 9 de junho, Nico Nicolaiewsky completaria 60 anos de vida. Neste mesmo dia, se tudo der certo com o financiamento coletivo que organizam amigos e familiares, acontece no Theatro São Pedro mais uma edição do espetáculo Nico Tributo, que já teve sua primeira edição em 2015, na mesma casa – praticamente a segunda casa de Nico.

A campanha Meu Amigo Nico (que está AQUI na plataforma Catarse) tem como objetivo homenagear, eternizar e tornar acessível a todos a obra do ator, músico e compositor que despontou na cena gaúcha com o Musical Saracura e ganhou o Brasil, ao lado de Hique Gomez, com o espetáculo Tangos e Tragédias. Através dos valores conseguidos pelo financiamento coletivo, será viabilizado o espetáculo do dia 9 de junho, será produzido um DVD deste tributo (já captado em 2015) e também um site que abrigará o obra completa de Nico Nicolaiewsky, incluindo músicas, vídeos, fotos, textos e muitos materiais inéditos.

Nico Nicolaiewsky_meuamigonico_financiamento coletivo

https://www.catarse.me/meuamigonico (arte de Lucas Levitan)

O projeto envolve muita gente, mas é principalmente organizado pelos amigos e músicos Cláudio Levitan e Fernando Pezão, e pela atriz Márcia do Canto, viúva do artista. “Nós todos, que de alguma forma estávamos envolvidos com o Nico, sentimos que deveríamos dar continuidade ao seu trabalho. Por amor a ele e por amor a sua obra”, nos contou Márcia. Segundo ela, “todos os envolvidos estão trabalhando no amor até agora”, sem nenhum tipo de renumeração, que só virá caso o financiamento coletivo tenha sucesso.

A campanha, que está no ar desde o dia 4 de abril e vai até 19 de maio, tem como meta a quantia de 98 mil reais. “Não temos plano B. É tudo ou nada. Bem, se não conseguirmos, então vamos pensar num plano B. No momento todas as nossas fichas estão direcionadas para o Financiamento Coletivo. Acreditamos nele. É democrático, criativo, todos saem ganhando”, explica Márcia. As contrapartidas a quem quer ser um apoiador variam bastante: do valor mínimo, de 10 reais, com direito a dedicatória no futuro site, até doações de 3 mil, com direito a show na sala de casa de artistas como Arthur de Faria, Frank Jorge e Ernesto Fagundes.

Só Cai Quem Voa

Nico Nicolaiewsky_Nico Tributo_meuamigonico

Nico Tributo reúne: Hique Gomez, Cláudio Levitan, Arthur de Faria, Fernando Pezão, Marco Lopes, Silvio Marques e Nina Nicolaiewsky. Participação especial: Fernanda Takai e John Ulhoa.

Márcia do Canto conversou conosco nos últimos dias e contou como surgiu a ideia do projeto, quem está por trás da campanha e também falou da importância que tem a obra de Nico Nicolaiewsky. Confira a íntegra da conversa:

Culturíssima: O primeiro Nico Tributo aconteceu em 2015, um ano após seu falecimento. Desde quando esse projeto de eternizar a sua obra vem sendo trabalhado? Que outras pessoas estão envolvidas?

Márcia do Canto: Nico estava num momento da sua vida de muita produção musical. Estava fazendo “Música de Camelô” comemorando os 30 anos do “Tangos e Tragédias”, buscando viabilizar apresentação da sua ópera “As sete caras da verdade”, em reuniões com Fernando Pezão e Silvio Marques, com o objetivo de fazer um show com as músicas do Saracura e ainda ensaiando com o maestro Fernando Cordella uma ópera nova que ele compôs e é ainda inédita. Junto com isso seguia fazendo trabalhos do qual gostava muito, que era compor para teatro e cinema. A doença derrubou-o muito rápido. Nós todos, que de alguma forma estávamos envolvidos com o Nico, sentimos que deveríamos dar continuidade ao seu trabalho. Por amor a ele e por amor a sua obra.

São muitas pessoas envolvidas direta e indiretamente com o trabalho que estamos realizando agora: o financiamento coletivo. Tudo começou com o Cláudio Levitan, o Fernando Pezão e eu. Os dois, mais o Nico, encontravam-se todas as segundas para prosear. Eram grandes amigos de longa data. Com a partida do Nico ficou faltando uma “peça” nas segundas deles. E também ficou faltando na minha semana, mês…nem sei se foi eu que propus para eles nos encontrarmos ou se foi acontecendo naturalmente. Uma forma de cuidar da nossa dor. Assim surgiu a ideia de montarmos a produtora U.NICO Produções Artísticas. Somos amigos do Nico, mas também fãs da sua obra. Fazemos isso porque acreditamos muito na genialidade e na criatividade dele.

Agora com o financiamento, estamos também contando com o Renê Goya e a Vivian Schafer, da Estação Filmes, o Rodrigo Ruas e a Fernanda Canani, da Epifania, a produtora Lu Bitello, além dos músicos que estão doando seus cachês para viabilizar o projeto. Na verdade, todos os envolvidos estão trabalhando no amor até agora. Somente se conseguirmos atingir a meta do financiamento é que as pessoas serão pagas. Mas todos já estão trabalhando há alguns meses. Além do que, o cachê é quase simbólico se computarmos a trabalheira que está sendo.

O projeto de financiamento coletivo busca arrecadar um valor consideravelmente alto. Paralelamente, vocês trabalham com um plano B, buscando esses recursos através de outras fontes, caso a meta não seja alcançada na campanha?

Não temos plano B. É tudo ou nada. Bem, se não conseguirmos, então vamos pensar num plano B. No momento todas as nossas fichas estão direcionadas para o Financiamento Coletivo. Acreditamos nele. É democrático, criativo, todos saem ganhando. Acho uma grande invenção. Além de que, é uma forma de dividir com os amigos e admiradores do Nico, as coisas dele. Desde coisas pessoais que ele guardava em casa com carinho, como também sua obra.

No site que hospedará a obra completa do Nico, existe a possibilidade de conter algum tipo de material inédito, que não foi lançado por ele em vida?

Sim, têm muitas coisas que ele fazia e que ainda não estava organizada em CD ou algum tipo de mídia. Também fez trilha e músicas para o teatro que só foram disponibilizadas nos espetáculos. Ninguém tem como acessar isso. E têm coisas muito lindas. Também queremos fazer o site com um toque pessoal. Colocar fotos, escritos, gravações caseiras…a ideia é que realmente as pessoas sintam-se amigas do Nico. Próximas a ele.

Com o parceiro de décadas Hique Gomez em 'Tangos e Tragédias'.

Com o parceiro de décadas Hique Gomez em ‘Tangos e Tragédias’.

Se você pudesse mensurar em palavras, qual o tamanho ou a importância de Nico e de sua obra para a nossa cena cultural? 

Antes de ter uma história de vida com o Nico, eu era completamente fã do seu trabalho. Amava o Musical Saracura. Foi uma banda de total importância numa época de busca de identidade. Eles foram pioneiros na integração pop com a cultura regional. Sim, tiveram outras bandas importantes como Os Almôndegas, que também traçavam um pouco esse caminho. Mas o Saracura tinha uma preocupação cênica admirável. Não falo como especialista do assunto. Não sou. Falo como uma pessoa que viveu uma época e que tem essa visão daquele momento.

Bem, o Tangos e Tragédias foi um fenômeno. Um trabalho que conseguia agradar todo tipo de público. Muitas pessoas nunca haviam entrado num teatro, mas assistiram o Tangos. Muitas mesmo! Só esses dois trabalhos já fazem da sua obra um marco na nossa cena cultural. Tem ainda seu trabalho solo, a ópera e muitos outros trabalhos que o público vai poder deleitar-se aos poucos.

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