O “Rock Gaúcho” na opinião de nossos entrevistados em 2015

Como a temporada de novas entrevistas ainda não começou, por aqui seguimos repercutindo os vários papos legais que tivemos ano passado. Na real, não acreditamos muito nesse rótulo “rock gaúcho”, preferimos acreditar mais em um rock que é feito por gaúchos. Há uma estética? Alguns defendem que sim, outros negam, falam que é uma bobagem. O fato é que foi uma pauta presente em diversas conversas ao longo de 2015. Vamos relembrar elas para você.

Cida Pimentel

cida pimentel

“O rock gaúcho é um rock classe media. Vão me matar quando eu disser isso! Todo mundo tem pai, mãe e endereço. Muito difícil deixarem a mordomia pra passar fome. Como os guris da Cachorro [Grande] já eram bicho solto, já estavam vindo de Passo Fundo, pra eles foi muito fácil se desgarrarem. Acho que é isso. Eles passaram muito perrengue em Porto Alegre, e quem passa fome e necessidade em um lugar, passa em qualquer lugar do mundo. Eles precisavam muito fazer sucesso, tinham muita vontade, muita capacidade, muita gana, muita fome de rock. As outras bandas são mais ou menos, vão lá e ficam três dias em São Paulo, passam qualquer dificuldadezinha e voltam chorando”
(Leia a entrevista na íntegra aqui)

Carlinhos Carneiro

carlinhos carneiro rock gaucho

“Quando uma banda é nova, e tem um rótulo tão firme como esse, como uma entidade, a gente procura negar. Isso é natural. Mas esse rótulo, em si, é uma grande bobagem. Não existe, no RS, uma unidade estética que una o rock. Tu não pode dizer que a Comunidade Nin-Jitsu, a Ultramen, a Bidê e os Acústicos & Valvulados são parte de uma mesma coisa, como no manguebeat o Mundo Livre S/A, Chico Science e a Nação Zumbi estavam falando de uma mesma coisa. Aqui não é tanto. Então por muito tempo eu neguei isso, o rótulo em si. Mas não por não querer fazer parte, mas por não achar que exista. Depois eu mudei para sim, existe”
(Leia a entrevista na íntegra aqui)

Ray-Z

Ray-Z- rock gaucho

“Aqui no sul, acho que todas as bandas tem isso. As bandas são mais impregnadas dessa identidade, mesmo as que tem outros estilos. Acho que é pela cidade ser um pouco menor e pelo estado ter tradição em ter tradição. E tem outra coisa que eu já saquei: o rock daqui é um pouco parecido com o rock da Argentina, que não sofreu tantas influências de outros estilos, é um rock mais puro, digamos assim”
(Leia a entrevista na íntegra aqui)

Arthur de Faria

arthur de faria rock gaucho

“Então, ao mesmo tempo que acho que pode ser redutor para os artistas daqui, pois se tu pega os que fizeram sucesso fora, como Engenheiros, Nenhum de Nós e Papas da Língua, nenhum é o que se considera rock gaúcho. Wander é, Júpiter é, mas aí são sucessos de culto. Quando tu fala em rock gaúcho não pensa em uma música misturada com ritmos regionalista. Pensa em uma coisa meio mod, meio anos 60, misturado com brega, com humor. Acho que é um estilo. Nem todo rock que se faz no Rio Grande do Sul é rock gaúcho, é um subgênero. O que me incomoda nessa coisa da gauchada é se achar melhor que os outros, isso nos prejudica muito”
(Leia a entrevista na íntegra aqui)

Izmália

izmalia rock gaucho

“É um assunto delicado. Acho que antes, quando teve Cascavelettes, TNT, Bandaliera, essas bandas tinham um estilo. Mas tem muitas que copiam essas bandas. Eu não vou citar os nomes aqui, porque não sou louca. Então o que está acontecendo com as bandas do rock gaúcho de hoje em dia, é que muitas copiam esses que eu citei, acham que rock gaucho é tocar como TNT e Cascavelettes. Cada um tem que descobrir o seu diferencial, alguma coisa”
(Leia a entrevista na íntegra aqui)

Léo Felipe

Leo-Felipe-foto-daniel-c rock gaucho

“O rock virou uma coisa de homem branco, heterossexual. Não é de se espantar que duas figuras proeminentes do rock brasileiro dos anos 80, nesse último momento de eleição, acabaram se identificando com gente que defende até a volta da ditadura. E o rock gaúcho é rock também, acho que ele é machista, se fizéssemos uma leitura feminista do rock gaúcho ele não passaria. Essa ideia das tradições, de honrar as tradições do rock gaúcho… Acho que a música mais interessante vem da favela, o funk carioca é a expressão cultural mais interessante da cultura brasileira contemporânea e o rock virou um artigo de museu, na verdade”
(Leia a entrevista na íntegra aqui)

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