Demolidor e o lado sombrio da Marvel

Demolidor

Luiz Paulo Teló

O sucesso da série Demolidor não é de graça. A primeira parceria entre estúdios Marvel e Netflix apresenta uma qualidade refinada, inserindo o personagem de forma sutil ao Universo Marvel já estabelecido no cinema e em outras séries, porém delimitando bem o ambiente urbano em que o Homem sem Medo atua.

Muito da série, produzida por Drew Goddard e Steven E. DeKnight, é baseada na fase em que o herói foi conduzido pelos traços de Frank Miller, responsável por adotar um tom mais adulto e violento nas HQs. Demolidor é, até o momento, o produto mais sombrio e violento já produzido pela Marvel em live-action.

A trama se passa em Hell’s Kitchen, um bairro de Manhattan que sempre sofreu com o crime organizado e que agora, após as destruições que a cidade passou nos eventos protagonizados pelos Vingadores, é assediada por uma violenta especulação imobiliária, que não mede consequências e lucra muito com a reconstrução do lugar. Aos poucos, vamos conhecendo uma complexa rede de corrupção que domina as instituições e ajuda a blindar nomes como Wilson Fisk (Vincent D’Onofrio), o ‘Rei do Crime’.

Começa aí, então, a principal diferença de Demolidor para os outros personagens. Enquanto os Vingadores se preocupam com invasões alienígenas e mundos paralelos, o advogado deficiente visual Matt Murdock (Charlie Cox) quer proteger o lugar onde nasceu. Sem nenhum super poder, Murdock usa seus sentidos aguçados pela falta de visão e sua habilidade incomum em artes marciais para combater mafiosos, traficantes, assaltantes e estupradores.

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Sem uniforme, as primeiras aparições do herói são com uma roupa preta e materiais improvisado.

E pelo simples fato de ser um homem normal, o Demolidor aqui apanha muito. O ar sombrio é fortalecido pelo tom realista da série. Óbvio que há certa dose de fantástico, afinal se trata de um herói vindo dos quadrinhos, mas nunca com exageros. Nos 13 episódios há algumas cenas de violência muito impactantes, como no primeiro ataque de raiva de Wilson Fisk.

O elenco da série Demolidor da Netflix

A construção dos personagens é preciosa. Principalmente em relação às histórias de Murdock e Fisk. Ao longo da trama o roteiro vai nos apresentando momentos chaves da infância de cada um. As personalidades do protagonista e do antagonista são levadas com imensa competência por Charlie Cox e Vincent D’Onofrio. Este último, quase rouba a cena.

O elenco ainda conta com o simpático Foggy Nelson (Elden Henson), amigo e colega advogado de Murdock, a por vezes misteriosa secretária Karen Page (Deborah Ann Woll) e o experiente jornalista Ben Urich (Vondie Curtis-Hall). No clã de vilões, o homem do dinheiro é Leland Owlsey (Bob Gunton) e o braço direito de Fisk é Wesley (Toby Leonard Moore). Todos em ótima forma.

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Murdock e Foggy Nelson são sócios iniciando na carreira de advogado

Tecnicamente, além da preocupação com a luz e a direção de arte cuidadosa na construção dos ambientes internos, há toda uma atenção justificada com o som. A trilha sonora muitas vezes é preterida para ressaltar a audição aguçada do justiceiro, destacando pequenos barulhos importantes para que o Demolidor perceba o que acontece em sua volta.

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Netflix e Marvel acertam em Demolidor ao conseguir deixar muito claro que há uma trama macro, mas também um pequeno arco que consegue ser resolvido ao fim de cada episódio. O estilo policial em que o roteiro se desenvolve é outro acerto.

Ainda não foi anunciada uma segunda temporada. O que sabemos é que a parceria vai resultar em mais quatro séries confirmadas: as adaptações de Jessica Jones, Luke Cage, Punho de Ferro e depois todos juntos em Os Defensores.

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