Uma conversa sobre cinema com Pablo Villaça

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Luiz Paulo Teló

Em meados do mês de março, o crítico de cinema Pablo Villaça esteve em Porto Alegre ministrando seu curso Decifrando o Padrinho, em que passa uma semana dissecando todos os aspectos cinematográficos de O Poderoso Chefão. O mineiro de 40 anos é apaixonado pela clássica trilogia de Francis Ford Coppola. Foi numa das tardes desta semana em que esteve na capital gaúcha é que recebeu a reportagem do Culturissima para uma conversa, no alto da Casa de Cultura Mário Quintana.

Villaça é um dos críticos mais influentes atualmente no país. Começou a atuar na área em 1994, em um período ainda pré-internet no Brasil, quando existiam apenas alguns BBSs (bulletin board system) em Belo Horizonte. Anos depois, foi pioneiro ao fundar o site Cinema em Cena, no ano de 1997.

Mesmo com todas as dificuldades de permanecer independente, o site segue no ar há quase 20 anos. Ainda na rede, o crítico se espalha por contas no twitter, facebook e youtube, não se limitando apenas à falar de cinema, se mostrando sempre muito à vontade para externar suas posições políticas.

Na entrevista que publicamos a seguir, Pablo Villaça fala sobre a longevidade de seu site, comenta a diferença entre as séries e os filmes e afirma que o cinema brasileiro, apesar da Globo Filmes, é um dos mais ricos em diversidade no mundo.

Culturíssima: O Cinema em Cena sempre foi independente? Como que ele quase acabou?

Villaça:  Nunca fizemos parte de nenhum grande portal. A gente chegou a fazer parte do Terra ano passado, por dois ou três meses. Mas não foi uma boa experiência. Quando você está fazendo parte de um portal, criam-se certas expectativas que o portal não vai corresponder. Porque tem site demais dentro dele. Qual a vantagem de estar dentro de um portal? Pelo menos é a minha visão: que ele te ajude a comercializar espaço publicitário e te traga acesso. Só que quando você está dentro de um portal como Terra, UOL, etc., você é um site dentre mil! Então aconteceu várias vezes de publicarmos uma notícia em primeira mão, e lembro uma que foi primeira mão mesmo. Quando anunciaram que Eduardo Coutinho tinha sido aceito na Academia [de Hollywood] nós fomos os primeiros a publicar a notícia. Aí a gente mandou para o Terra, que não publicou. Aí depois publicaram internamente, da redação deles. Qual o sentido? Se eles não divulgam nosso link, com a nossa especialidade, que é o cinema, para fazer depois, mal e porcamente, se eles não davam acesso para gente, muito menos ajudaram a comercializar publicidade, não fazia sentido. Aí saímos do Terra. Foi a única experiência com portal e não vejo a gente voltando. Agora, tem as vantagens e as desvantagens. A vantagens é que você não está preso a nenhuma linha editorial que não seja o seu critério. Por exemplo: quando acredito que cabe em uma crítica, coloco comentários temáticos que vão além do filme. Escrevi sobre Getúlio (2013), filme com o Tony Ramos, e falei sobre as similaridades da situação da época com o que a gente vive hoje. A crítica tem um viés político. Vários leitores acharam um absurdo, mas é porque não entende de crítica, que não é só falar do filme, mas também o que ele desperta. Se eu tivesse em um portal, por exemplo, e tivesse que seguir a linha editorial deles, não seria difícil que alguém do portal falasse “Não queremos saber de política na área de cinema”. Então temos essa vantagem. Por outro lado, temos que nos virar sozinhos, e por isso o Cinema em Cena quase acabou, porque a gente não tinha suporte financeiro. Agosto do ano passado, estava até aqui em Porto Alegre, chegamos a anunciar o final do site. Anunciamos que ia terminar em outubro, quando completasse 17 anos, porque não tínhamos como manter mais, é muito caro, com servidor, equipe e tudo. Eu pensava que as pessoas iriam ficar chateadas, afinal é um site de 17 anos. Mas as pessoas ficaram MUITO chateadas, e muito dizendo que pagariam para o site continuar. Então desenvolvemos um site novo, com uma área com conteúdo exclusivo para assinante. Ainda não sei dizer se é viável, mas deu uma sobrevida ao site.

Culturíssima: Pra quê serve a crítica, como ela deve ser e quem ela atinge?

Villaça: Muita gente faz confusão entre crítica e resenha. EU não escrevo resenha, escrevo crítica. E não é falando mal da resenha, acho que tem seu espaço. A resenha é falar basicamente o que o filme tem, sem analisar a linguagem do filme, como se insere na história do cinema, só para o leitor saber se ele vai querer ver ou não. Então, a resenha é um guia de consumo. A crítica não é. Não escrevo com o objetivo da pessoa ler e decidir se vai ver ou não aquele filme. Nunca escrevi em um texto meu ‘vai ver esse filme’ ou ‘não vai ver esse filme’. No mundo ideal, acho que todo mundo deveria assistir a todos os filmes. Aliás, escrevo considerando que a pessoa que vai ler já viu o filme. Não coloco spoiler sem avisar porque pode alguém não ter visto. E também tem quem goste de ler a crítica antes e depois do filme. Mas o objetivo é que a pessoa entenda um pouco do processo de construção da narrativa do filme. As pessoas vão ao cinema e ficam emocionadas, tensas, com medo. De onde vêm essas emoções? A história é um elemento da narrativa. Você pode pegar uma puta história, e ela vai ser super desinteressante por causa da abordagem, ou pode pegar uma história tola, estúpida, que vira um filmaço, dependendo da maneira que é desenvolvida. Isso é narrativa, é a maneira que você conta a história. E o propósito da crítica é mostrar como uma história é contada, e não qual é a história. A maior parte das pessoas enxerga 20% do filme, que é os atores e a história. Não presta atenção na montagem, na fotografia, na direção de arte, no figurino, nos efeitos sonoros. O que acontece com isso, é a minha esperança, é que o cara que lê crítica se torna mais sofisticado do ponto de vista do audiovisual, se torna mais exigente. E só ganha com isso, porque quanto mais elementos do filme você conseguir identificar, maior o seu envolvimento com ele, mesmo que você deteste. Tem filmes que eu detesto, por exemplo, os Transformers, qualquer um do Rob Schneider, mas nunca é uma experiência só insuportável, pois estou extraindo dali coisa do fazer do filme que tornam o processo interessante. Continuo achando o filme ruim, mas eu sei porque ele é ruim. E o público que lê, espero que seja qualquer pessoa que goste de cinema.

Culturíssima: Tu já dirigiu dois curtas-metragens [A ÉticaMorte Cega]. Como recebeu as críticas e como foi a tua avaliação dos filmes?

Villaça: É difícil avaliar o próprio filme, afinal fiz parte do processo de criação. Escrevi que, quando lancei o primeiro filme, devo ter sido o diretor estreante mais criticado da história do cinema, para o bem e para o mal. Lancei o primeiro em 2008, já tinha 14 anos como crítico. É claro que todo mundo que me lia pensou “Agora é minha vez de criticar”. Então, muita gente escreveu sobre o filme. Algumas críticas positivas, outras negativas. Teve texto de 15 parágrafos, dissecando o curta, que tem 15 minutos. Acho isso muito bacana. Da mesma maneira que critico, e meu objetivo nunca é ser destrutivo, muita gente tem essa impressão errada do crítico, que gostamos de odiar o filme. Só se o cara for masoquista! Quem quer passar duas horas vendo um filme ruim e depois passar mais uma ou duas horas escrevendo sobre um filme ruim? Ninguém! A minha relação com o cinema é de profundo amor, sempre, mesmo quando não gosto do filme. E quando as pessoas criticaram o meu filme, algumas tinham o claro objetivo de atacar, mas muitas criticaram com embasamento, que levei super na boa. Já o segundo filme, eu estava mais confortável, tanto na posição de diretor quanto para receber críticas. Com relação ao que acho dos filmes, gosto dos dois. Acho que A Ética tem muitos problemas, e isso tem muito a ver com a fato de não termos dinheiro nenhum. Fizemos o filme com 2 mil reais, sendo que mil e quinhentos foi para comprar comida para a equipe. Ele tem problemas mas tem muitas coisas bacanas também. O segundo filme, Morte Cega, gosto muito dele. Fiz como eu queria, com um orçamento folgado. Se ele tem algum defeito ou alguma qualidade, a responsabilidade é minha. Em A Ética, não que esteja me desculpando, mas teve coisa ali que não deu para fazer. O Morte Cega não, fiz exatamente o que queria fazer. Aliás, trabalhei nos dois filmes com equipes absolutamente fantásticas.

Culturíssima: Queria ter passado por essa experiência antes?

Villaça:  Não, porque não é uma aspiração minha. Não sei nem se vou voltar a dirigir. Esse dois filmes eu fiz porque foram duas idéias que me ocorreram, escrevi o roteiro e me deu vontade de dirigir. Tem um terceiro filme agora, que o roteiro não é meu, mas é uma história em quadrinhos de um aluno meu, do Rio de Janeiro, que li a história, gostei muito e pedi para ele adaptar. Ele adaptou com um colega dele, ficou fantástico e este estou muito afim de dirigir. A questão é conseguir dinheiro.

Conflito ético entre ser crítico e cineasta ao mesmo tempo:

Culturíssima: Já aconteceu de um cineasta vir te cobrar por causa de uma crítica tua?

Villaça: Já, mas eu não comento. Não seria ético. Já aconteceu algumas vezes de cineasta querer tirar satisfação. Minha posição é sempre a mesma: “Olha, você está levando para o lado pessoal. Eu não levo, de forma nenhuma. Estou escrevendo sobre o seu filme, não sobre você. Entendo que seu filme é uma manifestação artística, da sua sensibilidade. Mas não estou dizendo que você não presta ou que você não tem talento. Estou dizendo que seu filme é ruim por causa disso, disso e disso”. Já aconteceu de falar mal do filme de um cara e o trabalho seguinte eu elogiar fartamente. E o contrário também.

Culturíssima: Como faz para se manter atualizado? Com que freqüência tu assiste filmes?

Villaça: Assisto filme todos os dias. Comecei a fazer lista de todos os filmes que vejo em 94, mas a  partir de 2000 é que comecei a fazer no computador. Essas que comecei a fazer no computador estão no Cinema em Cena. Todo anos, dia 31 de dezembro, publico a lista de todos os filmes que vi, com a cotação. Nunca aconteceu de ficar abaixo de um por dia. Ano passado fiquei com a média que não tinha desde 94, porque na adolescência você não tem mais porra nenhuma pra fazer, então já aconteceu de ver 900 filmes em um ano. Ano passado consegui, pela primeira vez depois de velho, ficar com 700 e poucos, o que dava uma média de mais de dois filmes por dia. Esse ano, até agora [25 de março], foram 161 filmes, uma média de, mais ou menos, dois por dia também.

Culturíssima: Tu acompanha séries?

Villaça: Vejo mais série do que deveria, porque série ocupa muito tempo. E não tem como analisar série com a mesma seriedade com que se analisa cinema. Não é preconceito, se fosse preconceito não assistiria. Mas, normalmente, com nobres exceções, a linguagem da televisão é muito atrasada em relação ao cinema, e tem que ser. É uma coisa que faz parte da mídia. Porque na televisão você já presume que o espectador está desatento. Então a linguagem tem de ser muito mais óbvia que no cinema. Um exemplo para ilustrar: tinha um recurso no cinema – ainda tem – chamado establishing shot. Sabe o que é? [Respondo que não] Por exemplo, estamos aqui no café, essa cena se passa aqui. A cena seguinte se passa na sala de aula, e pra guiar o espectador do café para a sala de aula, existe o establishing shot, que é colocar, entre uma cena e outra, a fachada do prédio onde está a sala de aula. Durante décadas isso era comum no cinema,  você não ia de um lugar a outro no cinema sem ambientar o espectador com um establishing shot. Hoje em dia, os filmes usam cada vez menos, porque o espectador é muito mais sofisticado. Televisão continua usando. Pega Friends, durante 10 anos, quem assiste a série sabe o que é o apartamento da Mônica e o que é o café, mas sempre que vai de um lugar para o outro eles mostram a fachada. Muitas séries usam. Tem que fazer, porque o telespectador está distraído. Tem nobres exceções, como Breaking Bad. Este tem uma linguagem muito sofisticada, cinematográfica, inclusive na forma como usava cores… O spinoff dela, o Better Call Soul, também tem linguagem cinematográfica. True Dectetive, que é uma série recente, é extremamente sofisticada. Mas de modo geral, você não pode analisar a televisão, do ponto de vista de linguagem, com o mesmo rigor. Tem um campo que a TV está melhor que o cinema, que é tematicamente. A televisão está demonstrando mais coragem que o cinema. A televisão tem coragem de apresentar um personagem como Walter White, do Breaking Bad, ou tem coragem de fazer uma série como The Walking Dead em que uma personagem que não é a vilã, assassina duas crianças. Não se vê isso no cinema. O cinema tem se mostrado covarde nesse sentido.

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Culturíssima: Em 2005 você escreveu a biografia do cineasta Helvécio Ratton. Este ano você deve lançar outro livro. Fala um pouco destas publicações.

Villaça: A biografia do Helvécio surgiu de um convite. Em São Paulo, a editora Imprensa Oficial lançou uma coleção chamada Coleção Aplauso, que tem como objetivo resgatar e preservar a memória artística do Brasil. Quem estava fazendo a curadoria dessa coleção era o Rubens Ewald Filho, que é um cara que acho absolutamente sensacional, tem um conhecimento de cinema assombroso. Aí o Rubens me convidou para escrever um livro e perguntou sobre quem eu gostaria de escrever. Imediatamente veio o Helvécio na cabeça. Primeiro porque ele é mineiro, como eu. Segundo, sempre me fascinou porque o Helvécio é um dos raros cineastas brasileiros que começou a construir a carreira com cinema infantil. O Brasil faz muito pouco cinema voltado para o público infantil. Xuxa não é filme voltado para o público infantil, é voltado para o público da Xuxa, um projeto de vaidade para ganhar dinheiro. Os Trapalhões faziam cinema infantil, mas ficavam muito no campo da paródia. Boa parte dos filmes deles se relacionavam com outros filmes norte americanos. E olha que sou fã dos Trapalhões, me criei vendo Trapalhões. Acho que Os Saltimbancos Trapalhões é um dos grandes filmes do cinema nacional. Mas tirando esse, não se tinha a tradição de fazer filmes originais para o publico infantil. O Helvécio fez um filme que até hoje é considerado um clássico, que é A Dança dos Bonecos, que é maravilhoso, e o mais fascinante dele é que antes de fazer esse filme ele fez muito documentário. Inclusive fez um que até hoje é considerado o mais importante sobre o sistema manicomial do Brasil, que é Em Nome da Razão, um curta que sempre é lembrado e citado quando o sistema manicomial no país é discutido. Aí você pega esse cara, que faz esse tipo de documentário pesado e sai pra fazer filme infantil, isso me fascinava. Além da história política do Helvécio. Ele lutou contra a ditadura, teve que fugir do país para não ser preso e morto. Aí ele deu um azar danado, porque saiu daqui e foi pro Chile, na véspera do golpe lá. Então logo ele teve que sair clandestino do Chile também. É uma passagem quase cinematográfica. No livro, conto essa história como um thriller. Bom, tive longas e longas conversas com o Helvécio, fiz mais de 40 horas de entrevistas com ele e aí nasceu o livro, que tenho muito orgulho. Já o livro que vou lançar esse ano é uma antologia de textos meus, com críticas, posts do blog. A idéia surgiu como uma idéia de presentear os assinantes do site, mas depois estará à venda também.

Culturíssima: A impressão que se tem é que no Brasil se produz grandes documentários. É real isso?

Villaça: Não é impressão não. Eu diria, com toda a segurança, que ninguém produz documentário como no Brasil. Assisto muito documentário, sou fascinado. Vejo muito documentário, de todo lugar do planeta. No Brasil, não só os documentários são muito complexos, como também muito ecléticos na linguagem. Você tem documentários que são entrevistas, outros têm reencenação, tem documentário que acompanha em tempo real, tem documentário que conta em retrospecto. Nós temos aquele que foi o melhor documentarista da história do cinema, que foi o Eduardo Coutinho. Então assim, ninguém faz documentário igual a gente. Pega um filme como Cabra Marcado Para Morrer, do Coutinho, que pra mim é o maior da história do cinema brasileiro, feito no final dos anos 70, a linguagem dele é extremamente sofisticada pra hoje, 2015.

Culturíssima: A Globo Filme faz bem ou mal ao cinema nacional?

Villaça: Pergunta complexa, com uma resposta complexa. Se formos avaliar a qualidade dos produtos produzidos pela Globo Filmes, e olha que odeio usar a palavra produto se referindo à arte, mas é ruim. É muito ruim. As chamadas “Globo Chanchadas”, essas comédias rasteiras com o Leandro Hassun, que alguém falou um dia e achei genial que ele inventou o gênero “gordo gritando”, é basicamente isso o filme. É uma qualidade pavorosa. Nesse sentido, é faz mal. Por outro lado, atrai público. Se esse público fica curioso com relação ao cinema nacional e vai ver outros filmes, faz bem. O problema é que não sei a que ponto existe isso, da pessoa assistir a um filme da Globo e se interessar por outro filme. O que sei dizer é que o filme que eles lançam, de modo geral, são pavorosamente ruins. Tanto em termos de roteiro, de narração, de filmagem, tudo.

Culturíssima: Que cineastas brasileiros hoje merecem uma atenção especial?

Villaça: Nossa, muitos! Tem um cara que dirigiu só um longa, mas tem vários curtas, veio da crítica, que é o Kléber Mendonça Filho. Ele dirigiu O Som ao Redor, que é maravilhoso. Você tem, entre os documentaristas, o Paulo Henrique Fontenlle, que dirigiu Dossiê Jango e Cássia, mais o primeiro filme dele que o Lóki, sobre Arnaldo Baptista. Tem o Beto Brant, que é um cineasta sensacional. Tem Marcelo Masagão, Tata Amaral, Ana Muylaert, Guilherme Fiúza – não confundir com o Guilherme Fiuza escritor. Tem o Gustavo Spolidoro, aqui do sul. Tem outro daqui que sou apaixonado, que não é tão valorizado quanto deveria ser, que é o Jorge Furtado. Quem mais… Claudio Assis… tem gente pra carambra! Pernambuco está virando uma espécie de pólo do cinema nacional. Quando digo que o cinema do Brasil é um dos mais ricos do mundo, não digo por ufanismo. Digo isso embasado nos fatos. Primeiro, somos de dimensões continentais, e produzimos cinema m todos os cantos. Não é como nos EUA, que produz, basicamente, na costa oeste, em Los Angeles, e na costa leste em Nova York. Então a sensibilidade das duas costas estão muito bem representadas nos filmes. No Brasil a gente produz filme no sul, no sudeste, no norte. Se você pegar um filme produzido em Porto Alegre e outro em Recife, no mesmo ano, são filmes completamente diferentes em tema, em linguagem, em tom, em tudo! Nenhum país do mundo tem essa diversidade. Produzimos muita merda? Sim, porque estamos produzindo cada vez mais. E a Globo Filmes ajuda muito nisso. Mas o que a gente produz de filmaço por ano!

Culturíssima: O Brasil já foi injustiçado no Oscar?

Villaça: O Oscar é uma besteira. Ele não é um prêmio de qualidade nem para o cinema americano. É um prêmio de industria, quem vota são 6 mil pessoas que fazem parte da industria de Hollywood. E tem campanha, os estúdios gastam 10 milhões de dólares fazendo campanha. É eleição! Eles fazem sessão especial, convidam um monte de gente, levam o diretor, mandam brindes, compram anúncios. É diferente de festivais como Cannes, Veneza, Berlim, que o Brasil vive sendo premiado.

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