Valéria Houston, a música e a luta contra o preconceito

Foto GERSON ROLDO

Foto GERSON ROLDO

Há 10 anos Valéria Houston deixou o interior do Rio Grande do Sul para seguir sua carreira de interprete em Porto Alegre. Natural de Santo Ângelo, a artista conseguiu se tornar uma das cantoras mais reconhecidas da noite porto-alegrense. Valéria é dona de uma voz potente, afiada e que chama a atenção.

No final de agosto deste ano, em plena tarde de domingo, na rua de um bairro boêmio da capital, Valéria e seu namorado foram atacados e agredidos por um homem. Além de xingamentos transfóbicos, o agressor desferiu golpes com uma chave de fenda. Infelizmente, não era a primeira vez que a transexual negra, vinda de uma cidade do interior, colonizada por alemães, escutava ofensas dessa maneira, porém, nunca havia sido agredida fisicamente.

A partir dali, Valéria entendeu que seu compromisso não era apenas com a sua arte de subir nos palcos e cantar. A artista quer mais que isso. Ela sabe que sempre que vai a um programa de televisão, de rádio, ou faz um show, está representando uma parcela da população ainda marginalizada, que precisa, muitas vezes, matar um leão por dia para ter respeito e dignidade.

Culturíssima: Você já teve algumas incursões na TV aberta. Recentemente teve um episódio desagradável no programa Máquina da Fama, com a Patricia Abravanel, no SBT. Como foi?

Valéria Houston: Eu fiz o programa Astros e agora, há pouco tempo teve o Máquina da Fama, e a Patrícia foi meio tosca. Ela foi muito indelicada. Não sei até que ponto as pessoas acham que minha história é freak show ou a história de transexual vira freak show sempre. Não sei se ela quis ser engraçada, plagiando o pai dela. Não é possível, a pessoa tem uma produção inteira e não vai saber como funciona a vida de uma transsexual, que trata no feminino… fiquei dois meses negociando com eles, impossível que ela não vá saber! Foi estranho, acho que ficou mais feio pra ela do que pra mim, embora eu tivesse vontade de dizer palavrões que ela nem aprendeu ainda. Eu sei muito agora, cada vez que vou me apresentar em qualquer lugar, principalmente na TV, não é só eu que estou ali, é uma fatia da população que se sente representada por mim. Tenho que ter muito cuida com o que vou falar e como vou agir. Então me cuidei muito para não falar o que eu queria falar.

Culturíssima: Você era uma das apresentadoras do Programa Gay, na Ipanema. Você se sente representante, uma espécie de porta-voz, do público LGBT?

Valéria Houston: Tu sabe que eu não tinha muito essa noção de representatividade. Fiquei no Programa Gay durante uns dois anos, até a Ipanema acabar, o que foi uma pena muito grande. Já recebi convite para participar do Programa Gay, que agora está em outra rádio, na internet, mas como não tenho muito tempo para fazer as coisas, acabei não aceitando. Mas enfim, eu não tinha noção dessa representatividade, porque pra mim era muito normal cantar, falar e agir da maneira como ajo sempre. É uma responsabilidade muito grande estar representando toda uma população. É muito forte isso. Mas depois que aconteceu aquele episódio comigo na Rua da República, em que fui agredida, no dia 30 de agosto, às 16h, vi que podia fazer muito mais. O agressor gritava: “Tu é uma aberração, teu lugar não é aqui!”, e agrediu eu e meu namorado com uma chave de fenda. Eu tive um start, uma epifania de que realmente meu lugar não era ali, que eu podia fazer muito mais do que simplesmente estar passeando num domingo, e estar indo fazer meus shows, cantar e fazer graça. Hoje me sinto mais ativista, estou participando de palestras e conversas e debates, para saber mais e realmente deixar bem claro o meu papel na sociedade enquanto artista, para não ser uma voz ouvida apenas na música, mas que pode ser ouvida em muitos aspectos.

Culturísssima: Pois então, qual o andamento desse caso? Prenderam o agressor?

Valéria Houston: O caso ainda está no centro de Direitos Humanos, então está acontecendo ainda, mas pouco se pôde fazer e pouco se pode fazer. Fui atendida na Delegacia da Mulher, aliás, eu nem sabia que transexuais podiam ser atendidas na delegacia da mulher, e que já passo para as pessoas agora. Todo dia recebo alguma coisa no facebook, de gente que foi agredida ou dizendo “ah, isso também aconteceu comigo”.

Tinha três possibilidades da gente identificar o agressor. Primeiro uma gráfica da igreja católica, que tem uma câmera, mas eles me trataram muito mal quando fui lá. Teve um senhor que me disse também que daria as imagens e depois desistiu. Ele é dono de quase todos os prédios da República. E a terceira e maior possibilidade, de quem se dispôs a fazer, que foi a Secretaria de Direitos Humanos, e uma parte do governo estadual e municipal, com a câmera que tinha na Lima e Silva, mas estava desligada. Só foi usada durante a Copa. Então vou ter que contar com a minha câmera cerebral, com a imagem que eu lembro dele. Tenho certeza que ele vai fazer isso de novo, pois ele saiu tão tranquilo, caminhando. Ele não correu. Por enquanto estou contando com a sorte, como  muito dos nossos casos. Aliás, cai na asneira de olhar os comentários nas notícias. Fiquei tão chocada com o que as pessoas falam, com relação a isso e com relação à comunidade LGBT, que a gente fica triste. Disseram que: onde já se viu, ninguém ter visto  às 4h da tarde, que era sempre assim com esse crimes transfóbicos, um ar de dúvida. Meu amor, é claro que é, ninguém quer falar! Ninguém quer se expor! Falaram também do curativo no braço do meu namorado, pois a agressão aconteceu no domingo e tirei as fotos na segunda. “Tá estranho, esse curativo está mau feito e eles disseram que foram ao HPS…” Eu não sou enfermeira! Ele fez o curativo no hospital no domingo, e na segunda eu que fiz. “Essa daí ta querendo 15 minutos de fama”,  eu tenho 10 anos de fama aqui em Porto Alegre, não preciso desses 15 minutos. Mas é muito triste o que as pessoas pensam, que agrediu e bateu, mas tudo certo, todo mundo apanha todos os dias. E a gente sabe que não, são 600 travestis e transexuais mortas por ano no Brasil. É o país em que mais se mata por transfobia, é uma coisa muito séria e muito triste para as pessoas virem e banalizarem nesses comentários. Decidi agora que toda e qualquer notícias que sair, não vou ler os comentários.

Culturíssima: Já tinha passado por um episódio de agressão assim? Ou verbal mesmo?

Valéria Houston: Agressão física nunca, mas verbal a gente ouve sempre, todos os dias. Costumo dizer que as pessoas, quando nos veem, adquirem a doença do cotovelo: tu passa e elas começam a se cutucar, “olha ali, olha ali”. A gente percebe comentários e olhares maldosos. Mas agressão física nunca tinha acontecido, foi muito pesado, muito traumático. É a história que tu vê que acontece com outras pessoas mas acha que contigo não. Foi muito marcante pra mim porque tinha muitos gays na República, naquela área, e eles viram. Quando eu passei, cumprimentei um monte de gente, e quando voltei, já agredida, ninguém me deu bola. Teve gente que virou as costas, literalmente. Isso também é muito triste, às vezes a comunidade fala muito e age pouquíssimo. É bom que tive bastante apoio, muitos órgãos me ligaram e conseguimos fazer um certo barulho. A gente fez uma manifestação na esquina da rua Sofia Veloso, que teve bastante gente, umas 60 ou 70 pessoas, que já considerei sucesso.

Culturíssima: Você é natural de Santo Ângelo, e agente sabe que no interior do RS as pessoas tendem a ser mais conservadoras. Como era pra ti esse ambiente e como foi se assumir transexual?

Valéria Houston: O que eu tinha maior medo era com a minha mãe. Eu contei pra ela, e a gente só conta, porque mãe sempre sabe! Contei uma semana antes de fazer 18 anos. Eu tinha um plano mental: quando eu for muito velha, e tiver 18 anos, vou arrumar um emprego, vou contar para a minha mãe e vou sair de casa. Achei que ela ia me botar pra fora de casa, que é o que acontece muito. Na realidade não foi assim. Fiz 18 anos, tinha contado pra ela uma semana antes, ficamos uma semana sem se falar, aí no dia do meu aniversário tinha um evento para fazer, já com música, e ela me levou, começamos a conversar e viramos melhores amigas até ela ir embora e morar no céu, em 2002.

Pra cidade em si, foi uma coisa bem complicada. A cidade é racista também. É uma cidade colonizada por alemães, e tem muito esse cobrança da virilidade do negro. Então ouvi muita coisa do tipo: “Mas o que um negão desse tamanho quer se vestindo de mulher!”. Quando comecei com o processo de hormonização foi pior, porque aí começa a aparecer os seios. Consegui segurar essa onda até 2005, foi quando tive um estalo e pensei: não preciso disso. Eu recebi na época uma revista de uma boate bem famosa que tem lá no interior, e comecei a folhar e ver um monte de coisas sobre shows, e me dei conta: elas dublam, eu canto. De repente dá certo!

Em dezembro de 2004 sai da banda que eu cantava. Em março de 2005 vim para Porto Alegre. Nesses meses fiquei lá, pagando conta e o dinheiro acabando. Aí a minha única opção foi essa, vir pra cá. Teve o concurso de rainha gay do carnaval lá, participei e ganhei.Eu não podia sair de lá com todo mundo me levando até os limites da cidade e dizendo não volta mais aqui! Eu tinha que fazer alguma coisa para não sair tão mal [risos]. Eu saí muito desacreditada, ouvi que eu não seria nada na capital, seria só mais uma, e o dono da banda dizendo que eu cairia na prostituição. Isso me deu mais força. A cidade já não estava me recebendo muito bem, eles me toleravam enquanto eu era da banda, e se eu não era mais, eles não tinham razão nenhuma para fica me aguentando por lá. E é difícil, porque tu não consegue emprego, não consegue se manter, aí tu vai para a prostituição ou procura uma alternativa. Eu vim procurar uma outra alternativa. Cheguei aqui e na outra semana já fui no Venezianos, que é o bar que trabalho até hoje. Cantei no videoquê, pois precisava me mostrar de alguma maneira, aí a dona me convidou para trabalhar lá.

Culturíssima: Você canta desde muito tempo?

Valéria Houston: Canto desde os seis anos de idade. Participei do festival de música da minha escola com seis anos, e ganhei. Mas eu não queria saber de música, eu queria ser professora. Achava minha professora linda, com aquele cheiro de mimeógrafo. Na minha época era muito importante, eu achava aquilo lindo, aquele domínio que ela tinha sobre um monte de gente, com duas ou três palavras. E eu tinha muito medo que as pessoas falassem para a minha mãe que eu tinha voz de menina, então protelei isso por muito tempo. Fui voltar a cantar com 12 ou 13 anos. Participei de outro festival, dessa vez já morando em uma cidade menor que Santo Ângelo, que é Catuípe, e não parei mais, comecei a participar de vários festivais. Em 2000 me profissionalizei, comecei a cantar nessa banda de baile.

Culturíssima: Como surgiu o nome Valéria Houston, que é nome artístico mas também o teu nome social?

Valeira Houston: A minha mãe lia muito O Tempo e o Vento, e ela queria que fosse Bibiana ou Maria Valéria. Não deu muito certo, e na metade do caminho ela teve que homenagear o Capitão Rodrigo. Passaram-se muitos anos, e no concurso de rainha gay do carnaval, uma trans amiga minha falou que eu precisava de um nome, e todo mundo falou, e surgiram várias opções. E ela disse: já sei! É o gingado da Valéria Valenssa e a voz da Whitney Houston

Eu conquistei uma coisa muito legal, que é trocar de sexo e de nome na certidão de nascimento, sem fazer cirurgia. Isso é quase uma coisa inédita. E agora o meu nome é Valéria Barcellos da Silva, que é o sobrenome do meu pai, que me adotou. Ainda não consegui pegar a minha identidade, estou contando os dias! Só vou conseguir ir para Santo Ângelo daqui a alguns dias, para pegar a minha certidão e fazer um RG novo. É uma coisa que estou sonhando há anos! Essa decisão é de junho, só que demorou um pouco mais porque o cartório não sabia como agir. Meu advogado foi lá e eles ficaram como barata tonta dentro do cartório, é que é uma coisa muito nova mesmo.

Já não tenho a carteira de nome social,até perdi. Não concordo muito com a carteira social. Primeiro porque ela parece um atestado de travestilidade, ela não tem um formato físico como o de uma carteira de identidade, que é o que deveria ser, para dar essa dignidade real. Ela foi feita para dar dignidade, mas te constrange em muitos momentos. A sociedade não está preparada para receber essa carteira. A trans chega lá, apresenta a carteira e a pessoa pergunta o que é isso? Tua dignidade naquele momento foi por água abaixo, já não serviu. Fui, fiz a campanha, tinha que fazer para ficar bonito para as outras, tem muitas que estão usufruindo desse bem, porque é um direito conquistado, afinal. Estive na Europa, fiquei duas semana em Paris e comentei com algumas lá sobre isso. Elas ficaram maravilhadas com essa possibilidade que não tem lá. Paris, Europa, primeiro mundo, e elas nunca tinham ouvido falar nisso, e aqui no Brasil e no RS já temos isso há um bom tempo.

Culturíssima: Em 2012 você ganhou aqui em Porto Alegre o Festival da Canção Francesa e pôde ir fazer show em Paris. Como foi essa experiência?

Valéria Houston: Foi tudo na minha vida! Estudei francês com o sonho de um dia conhecer Paris, mas era um sonho tão remoto que coloquei outras prioridades na minha vida. Fiquei extasiada com a cidade. Amo Porto Alegre, não saio daqui tão cedo, por nada. Não me fascina a possibilidade de morar no Rio ou em SP, agora se fosse Paris eu iria [risos]. Fiquei maravilhada com a cidade. Fui sozinha, sem conhecer nada nem ninguém, cheguei de noite lá e consegui um transporte para ir pro hotel. O cara que estava me levando disse que ia ser querido e passar ao lado da Torre Eiffel. Ela se ilumina de hora em hora, e no momento que passei por ela e olhei, a torre se iluminou. Chorei muito, porque achei que aquilo era um sinal divino. E tudo que aconteceu lá foi lindo. Fiz show para brasileiros que não vêm para o Brasil há muitos anos!  Voltei com outra visão do meu trabalho, porque coisas que canto todas as semanas aqui, fizeram um significado enorme para eles, uma diferença enorme. Então voltei com uma outra noção do meu trabalho, porque a gente tem que ter esse amor pela música e por tudo o que a gente faz, porque sempre significa alguma coisa para alguém.

Culturíssima: E lá você teve contato com outras trans?

Valéria Houston: Sim, lá participei de uma coisa muito importante, que é o TDoR (Transgender Day of Remembrance), que eles acendem uma vela para cada trans que morre no mundo. Foi muito tocante. Elas levam muito a sério, e elas têm poucos direitos na Europa. Elas têm que matar um leão por dia lá. Essa liberdade que a gente tem aqui, lá a gente não vê muito, embora a França seja um país tão liberal. Lá eu vi uma outra realidade do trabalho e da luta trans, e fiquei bem impactada. A gente tem essa liberdade aqui, mas não têm alguns direitos. Lá eles têm alguns direitos conquistados com muita luta e não têm liberdade. Colocando na balança, não sei o que vale mais. Se sentir presa é horrível, mas ter liberdade e não conseguir nada, também é. Mas foi bem interessante essa visão que tive, conheci uma jornalista trans, gravei um documentário para a TV francesa, que deve estar saindo, falando sobre trans que têm outra realidade que não a prostituição. Ah, tem isso, sabe? As pessoas acham que trans sai na rua para procurar homem. Tu foi no mercado, comprar pão, e elas acham que tu está ali se oferecendo. Desmistificar essa realidade é um trabalho de formiga. A gente tem que apanhar na rua, gritar… e não acredito na questão dos direitos por goela abaixo. A comunidade gay ainda tem isso, de goela baixo. Acho que vale muito mais uma conversa. Mas às vezes tem que gritar, e lá em Paris elas conseguem as coisas no grito mesmo.

Culturíssima: Como você vê a representatividade da população LGBT na mídia?

Valéria Houston: Não é zero, é menos um. A gente não tem, por exemplo, apresentadora de TV trans. Tem uma coisa em que a imprensa e a mídia estão melhorando – está ruim pra caramba, mas melhorando -, que é o simples fato de dar uma notícia sobre uma trans. É triste às vezes. Usam os nomes errados, fazem questão de dizer o nome cível da pessoa, tratam como marginais e sempre dá o viés do deboche, do escracho ou do “alguma coisa tem por trás disso”. Uma notícias que saiu sobre mim dizia o seguinte: “Transexual diz ser agredida…”. Quer dizer, eu me esfaqueei? A gente precisa da imprensa, precisa muito, mas ao mesmo tempo dá vontade de não falar nada, porque sabemos que é mais uma notícia que vai ser tratada daquela maneira e que não vamos ser representadas naquilo. Então há um caminho bem longo a ser seguido. Não lembro o título, mas teve uma jornalista que escreveu um livro sobre a etiqueta para dar notícias sobre LGBTs. Acho que a gente tem que contar com uma imprensa nova, que vai se renovar e que tem que ter uma cabeça muito boa, embora tenha muitos jovens com uma cabeça paleolítica.

Culturíssima: Aqui em Porto Alegre a gente tem o Gemis, né…

Valéria Houston: É, e eles encontram muita resistência. A gente tentou fazer um seminário com jornalistas, e eles não querem ir. Acho que eles sentem que estamos tentando ensinar alguma coisa que eles já sabem. Quando vou dar palestra em alguma faculdade, falo para os acadêmicos que ele são muito pedantes. Acham que sabem de tudo e não sabem porra nenhuma. “Se vocês têm a teoria, eu tenho a prática. Vamos juntar as duas coisas?”. A proximidade da teoria com a prática é que vai dar uma luz. Realmente, os acadêmicos sabem mais, estão lá estudando e a gente tem que respeitar que estuda, ainda mais nesse país. Mas a pedancia nos separa às vezes.

Pergunta, se tu não sabe! Não chama ela de ele, é a identidade de gênero. Se eu me apresentei e disse pra ti que meu nome é Valéria, logo vai ter que me tratar no feminino. É tão difícil? E a gente topa com muita coisa desse tipo. Gente sem vontade de se adaptar a esse mundo moderno.

Culturíssma: Como artista hoje, quais os teus anseios para a carreira?

Valéria Houston: Ah, quero muita coisa! Tive a ponto de desistir da música de novo, porque a gente fica com tanta raiva da falta de respeito das pessoas com relação à arte, que cansa. Agora estou com uma agenda bem criteriosa para cumprir, e estou trabalhando com um produtor, o Leonardo Nunes. Tenho uma equipe comigo, tem maquiador… É tão legal isso! Nos reunimos para um objetivo um pouco mais ousado, que é fazer um show no Theatro São Pedro, no ano que vem. Recém realizei um sonho que eu tinha que era cantar no Opinião. Foi uma apresentação muito linda, no Dia do Bem.

Não gosto muito de planejar as coisas, gosto quando elas vão acontecendo. Mas o Leonardo, produtor, planeja muito, então deixo com ele. Tenho muito anseio em relação ao crescimento, quero gravar algumas coisas no início do ano que vem, mas planejar me dá medo de frustração. Quero fazer um EP, que está se arrastando há muito tempo, mas já começou, já dei o primeiro passo.

Culturíssima: Você comentava antes que foi para o Rio fazer um teste para TV. Pode comentar alguma coisa?

Valéria Houston: Não posso! Mas é um programa bem legal, que vai falar sobre gênero. Na verdade a gente está em negociação há bastante tempo, e eles não deixam a gente falar porque não sei se vai acontecer. Mas já foi um contato com a TV, com a Venus Platinada [risos]. Eu gosto de ver a gente representada na TV, embora não concorde com muitas coisas. Tenho relatos de um trans que tem um programa de na Band de Santa Catarina. Não dói, cara! Se é uma pessoa preparada para isso! A TV é um meio de comunicação de massa que tem contato com muitas pessoas, então eu sinto falta disso, de que a gente seja realmente representada, apresentando, atuando, fazendo várias coisas.

Tenho uma amiga trans que é uma atriz maravilhosa e ela se negou a fazer o papel de uma trans na TV porque não se sentiu representada. Ela falou que não curtiu o papel, era uma trans indo se prostituir. Eu já vi isso, eu não quero isso. Ela é uma triz que por acaso é trans. Me disse que quer mais que isso, e não apenas isso.

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