As Histórias de Amor & Morte de Julio Reny viraram livro

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“Julio Reny é um dos pioneiros, nos primeiros anos da década de 80, da chamada “música independente” em Porto Alegre (os outros desbravadores foram os cantores e compositores Nei Lisboa, com seu disco Pra Viajar no Cosmo Não Precisa Gasolina – resultado de um dos primeiros crowdfuding da história no Rio Grande do Sul, a popular “vaquinha”, cujo projeto recebeu o nome de “Neilisbônus” – e Juntos, álbum de Nelson Coelho de Castro). Mais do que “bandeirante” do hoje popularizado independente, Julio, porém, poderia se dizer, também é o criador-mor da música jovem-rock/gaúcho-porto-alegrense da maneira como ainda hoje a ouvimos e entendemos – o primeiro e solitário aventureiro da leva que disseminaria uma turba de bandas de rock naqueles incipientes tempos. Meu encontro com ele, na verdade, era pra entrevistá-lo pro livro Gauleses Irredutíveis, sobre a cena da música rock gaúcha, do qual sou um dos autores. Dos 167 entrevistados, entre músicos, radialistas, produtores, jornalistas e outros folclóricos seres pro volume, Julio seria o primeiro a ser sabatinado.”

Este é um dos trechos que abrem o livro Julio Reny: Histórias de Amor & Morte (Artes e Ofícios, 328 p.), de Cristiano Bastos, que será lançado na terça-feira, 14 de julho, às 19h, com show e sessão de autógrafos no Teatro do Sesc. A biografia passa a limpo os 56 anos de vida e de música do poeta mais autodestrutivo do rock’n’roll feito no sul. Os ingressos para o show custam R$ 7,00 para comerciários e empresários com Cartão Sesc e R$ 28,00 para público em geral.

Julio não poupou-se nos depoimentos que deu ao jornalista Cristiano Bastos, falando sobre o uso de drogas, alcoolismo, amores e desamores. “Foi um ano e meio de intensivas e psiquiátricas conversas com ele. Um trabalho jornalístico bíblico!”, conta o autor. Os encontros aconteciam três vezes por semana, com conversas que chegavam a ter oito horas de duração.

julio reny em altaO livro é todo escrito em primeira pessoa, com Cristiano Bastos assumindo o papel de narrador da história do músico. Além dos momentos em que as falas de Julio ganha protagonismo, há trechos inteiros escritos por personalidades que foram importantes de alguma forma na trajetória do artista, como o produtor Carlos Eduardo Miranda, o músico Edu K e o radialista Mauro Borba.

Bastos conta que a ideia do livro surgiu ainda em 2001, quando entrevistou Julio Reny para o Gauleses Irredutíveis, livro que remontou os primórdios do rock no Rio Grande do Sul. “Naquele momento fiquei muito impressionado com o vulto daquele artista na minha frente, um cara que fez cinema, fez teatro, fez programas históricos no rádio, passou por internação psiquiátrica”, relembra. O autor diz que acabou surpreendido por uma história de vida que ele já achava incrível.

Em princípio, Julio não concordou com a proposta de contar sua história. Segunda consta, ele não gosta muito de falar do seu passado, mas não conseguiu recusar após saber que a editora tinha topado em levar adiante o projeto do Cristiano Bastos. “Julio Reny é universal, é do nível de um Nick Drake, de um Bob Dylan. O Ultimo Verão, disco de 83, é uma das melhores peças da música gravada no Brasil”, exalta Bastos, que também foi repórter das revistas Bizz e Rolling Stone.

As primeiras 20 páginas

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