Fossa Nova e a trilha sonora de uma DR

Foto: Leonardo Kerkhoven

Foto: Leonardo Kerkhoven

Luiz Paulo Teló

Já entrevistei Paulo Inchauspe, que ao lado da esposa Cristiane Silva estrela o espetáculo Fossa Nova. Também já entrevistei Bob Bahlis, dramaturgo que assina a direção da peça. Ouvi ambos falarem de Fossa Nova e fiquei bem curioso, confesso. Todos os envolvidos são absolutamente competentes naquilo que fizeram até então. Inchauspe é um baita músico e radialista. Mas será que se comportaria bem no palco fazendo não só o papel de músico? Da mesma forma Cris, repórter de destaque na RBS. Mas canta tanto assim? Tem o tempo certo da comédia?

Entrevista com Paulo Inchauspe
Entrevista com Bob Bahlis

Para tudo isso, a resposta é sim. O casal surpreende! Fossa Nova é uma espécie de stand up musical, com um texto que fala sobre relacionamento de uma forma bem humorada, intercalando números musicais, baseado em um repertório brega/romântico, que vai de Só Para Contrariar a Kelly Key. E o fato é que Cris Silva canta muito, e realmente pega de surpresa quem não conhece o passado da jornalista, que já fez parte da banda Prata da Casa. Ela é quem comanda o show, conta a maior parte das histórias, desce na plateia, conversa com o público e (surpresa novamente!) faz até imitações.

O espetáculo iniciou de forma despretensiosa no início desse ano, mas a coisa deu muito certo. Desde então, Fossa Nova faz pequenas temporadas em Porto Alegre e pelo interior do estado. Assisti na recente passagem deles pelo aconchegante teatro do Centro Histórico-Cultural Santa Casa. O formato do show facilita que ele seja itinerante e não dependa de grandes estruturas para acontecer. No palco, duas cadeiras e uma mesa, um teclado, dois violões e uma guitarra. O resto é história (literalmente), e um pouquinho de jogo de luz.

Inchauspe, como de costume, conduz com maestria a parte instrumental, trazendo versões inusitadas para músicas populares que todos nós sabemos cantar, mas que por uma certa impáfia intelectual, nem sempre admitimos. Além disso, o músico demostra a velha desenvoltura que tinha no rádio para intervenções e sacadas ao longo do show.

Uma das coisas mais legais de assistir Fossa Nova é não saber quando é texto, que está incorrigivelmente ensaiado e quando é improviso. O casal mostra tal entrosamento, e Bob Bahlis os deixa tão à vontade, que o espetáculo transcorre da maneira mais natural possível. A impressão é que quem assistiu na sexta-feira, teve um azarzão de não ter ido no sábado. E quem foi no sábado, perdeu o showzão no dia anterior. Entendo que isso possa garantir vida longa à montagem, pois novas histórias vão surgindo, novas interações com o público sempre oxigenam o roteiro e novas temporadas nunca serão velhas repetições, apenas novos acertos.

Acompanhe aqui a agenda do espetáculo

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