Slash, Myles Kennedy & The Conspirators alcançam a maturidade

Sem descanso em meio a uma turnê mundial de dois anos e 125 shows com o Guns n Roses, o workaholic Slash encontrou tempo para gravar Living The Dream, seu terceiro disco com Myles Kennedy & The Conspirators, lançado em 21 de setembro de 2018 e que foi o pretexto para a terceira passagem da banda por Porto Alegre. A turnê do último disco começou na verdade no dia 13 de setembro, enquanto o guitarrista ainda não havia finalizado a Not In this Lifetime Tour com o Guns n’ Roses.

os músicos Todd Kerns, Frank Sidoris, Myles Kennedy e Slash em show em Porto alegre

Da esquerda para direita: Todd Kerns, Frank Sidoris, Myles Kennedy e Slash. Brent Fitz, na bateria, mais atrás. Créditos da foto: Franciele Walker.

O show que aconteceu no Pepsi on Stage na última terça-feira, 21 de maio, foi a concretização do que já era possível acompanhar nas apresentações anteriores. Um setlist sem músicas do Guns, com exceção de Nightrain, que retratava o ingresso de Slash, MK&TC na maturidade, uma banda independente, que passava agora a não viver mais de sucessos so passado e a andar com suas próprias pernas. Assistir o guitarrista se libertar do pesado fardo de ter feito parte de uma banda do tamanho do Guns, é instigante. Ver a plateia cantando as músicas próprias da banda e vibrando quando Myles Kennedy anunciou Back from Cali ou quando Slash tocou os primeiros acordes de Starlight é recompensador. É claro que a maior animação ainda vem com Nightrain e é possível ver no sorriso do vocalista alguma coisa que dizia: “vocês ainda irão cantar as nossas músicas assim”.

Slash nunca é de falar muito, mas dessa vez foi possível notar talvez um pouco de cansaço, um show mais burocrático. Nem mesmo quando foi apresentado por Myles, o guitarrista insinuou qualquer interação com a plateia. Kennedy, o frontman, se esforçou um pouco mais, fazendo até um jogo de perguntas e respostas com “ÔÔÔ”, mas nada que se comparasse com Todd Kerns. O baixista canta todas as músicas olhando no olho da plateia, sorri, faz headbang, aponta para o público chamando para o show e parece estar se divertindo horrores. Ao contrário do que foi possível ver em 2015, quando a banda parecia estar de fato se divertindo e não havia um “edredom” sobre o som, fazendo um show muito mais presente, desta vez a apresentação foi mais morna, com exceção de Todd Kerns, que deve ser o músico mais animado do planeta.

O mais importante do Slash MK&TC de 2019 em Porto Alegre foi que o público estava ali, disposto a ouvir o som deles, não do Guns n Roses. A plateia pulou, dançou, cantou e vibrou do início ao fim, com Anastasia no bis, um hino do hard rock que sofre as consequências de ter sido feita na era pós hard rock, quando as pessoas já haviam deixado de acompanhar o trabalho do Slash. Mas fica a esperança de que assim como a banda alcançou sua independência, Anastasia também encontre seu lugar ao sol entre as grandes músicas do estilo.

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