Nando Viana grava DVD em Porto Alegre

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Nos dias 11 e 12, no Teatro da Amrigs, o comediante Nando Viana grava seu primeiro DVD. Batizado com o nome Da turma do Fundão desde 1981, o show reúne os melhores textos de Nando, um dos artistas mais destacados do stand up comedy no Rio Grande do Sul, desde 2008. No sábado, dia 11, o show começa às 21h. No domingo, é mais cedo: 20h. Os ingressos custam R$ 40 (estudantes, idosos e pessoas com necessidades especiais, pagam meia). Confira aqui os pontos de venda antecipada.

O humorista, contudo, quase levou a gravação para outra cidade. “Eu ia gravar em Santa Catarina, na cidade de Imbituba. É onde meus pais e avós nasceram e onde passei muitos verões. Mas infelizmente a distância e a dificuldade de levar toda a produção e equipe técnica me fizeram adiar essa ideia para uma outra oportunidade. Então cogitei gravar em São Paulo, onde vivo atualmente, mas não achei que teria o mesmo sentido do que se gravado aqui no Sul”, conta Nando, que ainda se diz muito à vontade no palco da Amrigs. “Além de eu ter nascido aqui, e a chance de ver meus amigos na platéia farão desse dia ainda mais recompensador”, completa.

Mesmo morando fora do estado, o artista continua acompanhando o que está rolando por aqui, mas lamenta que ainda falte lugares adequados para fortalecer a cena stand up. “Falta um bar na capital que pegue junto. Que acredite na proposta e que queira divulgar, ceder uma noite sua e que tenha o espaço físico adequado para comportar um show de bar. Esse sempre foi um dos maiores problemas desde o início. A cena gaucha existe. O que faltam são parceiros que queiram ajudar a sedimentar o gênero”, constata.

Acompanhe na íntegra a conversa que tivemos com Nando Viana

Culturíssima: Quais as tuas referências no stand up comedy?

Nando: As minhas referencias são sempre dos comediantes que criam seu material o mais pessoal possível. Como uma forma de expressão do que estão sentido e vivendo. Pode parecer apenas piadas e comédia num primeiro momento, mas o stand up é um braço da arte, assim como a pintura e a poesia. Ele é a  união da escrita com a arte cênica. E por ser arte ela é reflexo “do que” e “como” o humorista vê o mundo e reage a isso. Por conta disso eu gosto dos humoristas que se entregam no palco como uma forma de externarem aquilo que sentem. Como é o caso do Mike Birbiglia, do Louis CK e o Doug Stanhope. Nacionalmente meus preferidos, ainda pelos mesmos motivos, são o Murilo Couto, o Nigel Goodman e o Thiago Ventura. Não são os mais conhecidos, mas é a galera que está pensando a comédia stand up pra frente, fazendo algo com um frescor que eu admiro e tento seguir.

Culturíssima: Aqui no RS o gênero parece ter não acontecido como  foi no resto do Brasil. Por quê?

Nando: Eu acho isso também, mas posso garantir que não foi por falta de tentar. Acho que foi uma mistura de desencontros com a falta de espaço físico adequado. Estou na comédia faz 7 anos. No início foi difícil encontrar quem quisesse fazer esse movimento acontecer. Pricipalmente bons produtores. Até que me uni à escola Perestroika e fizemos boas noites, lá por 2008. Depois que o grupo parou, por conta da dificuldade de conciliar trabalho e esse novo hobby com os envolvidos, naquela que foi a primeira noite de stand up do Estado, a Comédia Balalaika, demorou uns 3 anos para aparecer interessados. Então lá por 2011 encontrei outros amigos em Porto Alegre que se interessaram pelo gênero, como o Donato Oliveira, e fizemos uma noite de Open Mics pra tentar descobrir novos talentos. Hoje em dia a cidade tem vários aspirantes e bons humoristas. Tem o Grupo Comédia Urbana também, que faz uma comédia bem interessante e em franca evolução. O Rafa Campos em Caxias, que tem uma noite mensal de muita qualidade (acho que a melhor do Estado).  O problema hoje em dia são os bares, já que até uma ótima produtora especializada em humor apareceu no caminho, a Artistaria. Falta um bar na capital que pegue junto. Que acredite na proposta e que queira divulgar, ceder uma noite sua e que tenha o espaço físico adequado para comportar um show de bar. Esse sempre foi um dos maiores problemas desde o início. A cena gaucha existe. O que faltam são parceiros que queiram ajudar a sedimentar o gênero.

 Culturíssima: Pensou em gravar o DVD fora do estado?

Nando: Eu ia gravar em Santa Catarina, na cidade de Imbituba. É onde meus pais e avós nasceram e onde passei muitos verões. Tem uma antiga usina na cidade que ficou anos abandonada e agora foi convertida a espaço cultural. Um lugar incrível, todo escuro e com um clima muito interessante. Mas infelizmente a distância e a dificuldade de levar toda a produção e equipe técnica me fizeram adiar essa ideia para uma outra oportunidade. Então cogitei gravar em São Paulo, onde vivo atualmente, mas não achei que teria o mesmo sentido do que se gravado aqui no Sul. O teatro da AMRIGS é um dos lugares que mais me sinto à vontade fazendo o show. Felizmente tive muitas oportunidades de fazer lá, e comédia é meio parecido com futebol, tem aquele lugar que você se sente em casa e que faz seu trabalho ficar ainda mais afinado. Então tudo isso foi meio que os fatores que me fizeram escolher Porto Alegre. Além de eu ter nascido aqui, e a chance de ver meus amigos na platéia farão desse dia ainda mais recompensador.

Culturíssima: Como está a cena agora em comparação a como era quando você começou?

Nando: No país, vejo que aquela febre inicial passou. O stand up, quando apareceu, era novidade. Todo mundo queria ir ver esse negocio que todo mundo falava. Depois que passou essa fase, ele se consolidou enquanto gênero. Apareceu a Casa de Shows Comedians lá em SP, que ajudou a profissionalizar ainda mais. Os pioneiros no stand up, quase que na totalidade, foram aglutinados por canais ou se meteram em bons projetos. Alguns abandonaram a comedia ou diminuíram sua participação nos palcos. E quem ficou foram aqueles interessados em continuar a cena, como é o meu caso. Isso de cena é muito relativo também. Para a minha carreira, por exemplo, hoje em dia eu estou numa posição muito melhor do que quando comecei. Talvez porque a gente, com o tempo e a prática, vai ficando melhor e o público vai sentindo isso e acompanhando teu trabalho. Então, honestamente, prefiro muito mais agora que antes. E espero que continue a ficar cada vez melhor pra quem trata esse trabalho com profissionalismo e ama o que faz.

Culturíssima: Teu texto muda muito nos shows aqui e fora do estado?

Nando: Eu tenho piadas que só fazem sentido se eu contar aqui, como o caso de ter nascido em Esteio. Mas tem piadas que eu só conto em SP. O show não muda muito, mas tem sim uma adequação. Principalmente no inicio do número, que é quando eu me apresento. A ordem e quais piadas eu uso depende de cada show. Eu preciso escutar a platéia antes pra me decidir.

Culturíssima: Muitos comediantes têm gravado DVD. Essa mídia, com esse gênero, está tendo boa aceitação no mercado?

Nando: Na real eu falo DVD, mas as cópias físicas que eu vou fazer serão só para fans e pessoas que acompanham meu trabalho mais de perto. Porque quero disponibilizar esse trabalho na internet gratuitamente, por torrent e Youtube. Todo mundo sabe que a internet vem ajudando muito na divulgação de trabalhos. Foi assim com a música e com os vlogueiros, por exemplo. A internet é a nova televisão e quando você acredita no teu trabalho é muito legal deixar disponível num lugar que você vai ter certeza que será encontrado e que dentre essa gama de gente que vai assistir, alguns vão querer saber mais de você e te acompanhar mais de perto. Acho que é assim que se faz uma carreira. Mesmo porque eu to escrevendo muito ultimamente por conta do meu novo solo que estou trabalhando, que a principio vai se chamar A vida é so uma desculpa pra gente se divertir. Não quero me apegar a ideias e ficar trabalhando elas eternamente. Humorista precisa se renovar sempre. E quem se apega a ideias é porque tem poucas. Espero que esse seja apenas o primeiro de muitos Especiais de comédia que irei gravar.

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