Projeto Raros celebra edição 200 com cinco filmes e sessão na madrugada

VIOLÊNCIA E TERROR (1989)

Iniciado em maio de 2003 pela Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia da Prefeitura de Porto Alegre, o Projeto Raros está chegando em sua edição número 200. A celebração acontece na sexta-feira, 23 de março, a partir das 20h, na Cinemateca Capitólio. A programação conta com cinco filmes, e a última exibição inicia por volta das 4h da madrugada. A entrada é franca.

A Cinemateca Capitólio tem recebido, provisoriamente, desde o ano passado, o Projeto raros em função da reforma da Usina do Gasômetro. A intenção do projeto é apresentar ao público porto-alegre títulos nunca lançados no circuito comercial brasileiro ou há muito tempo fora de circulação nos cinemas, procurando reproduzir o espírito das “midnight movies” realizadas em Nova York a partir do final dos anos 1960. Na edição de número 200, haverá distribuição de um fanzine com a história do projeto e, conforme a organização do evento, muitas surpresas nos intervalos entre as sessões.

A maratona do Raros 200 começa elegante e vistosa com o primeiro longa-metragem de Curtis Harrington: A Noite do Terror (1961). O segundo filme é Uma Mulher Chamada Sada Abe (1975), um dos mais representativos da série Roman Porno da tradicional produtora Nikkatsu, dirigido pelo mestre do cinema erótico japonês Noboru Tanaka. Cabeças voarão no terceiro filme da maratona, Mystics in Bali (1981), uma obra mítica do terror indonésio, dirigida por um dos grandes nomes do cinema exploitation do sudeste asiático, H. Tjut Djalil. A quarta atração da noite, já na madrugada de sábado, é Violência e Terror (1989), dirigido por Scott Spiegel, um dos principais parceiros criativos de Sam Raimi, que aqui ataca de produtor e ator. Para encerrar a noite em grande estilo, o clássico do terror de Bollywood Purana Mandir (1984), dos irmãos Shyam Ramsay e Tulsi Ramsay, os grandes mestres do gênero na Índia.

Programação Projeto Raros edição 200

20h – A NOITE DO TERROR (Night Tide)
Estados Unidos, 1961, 86 minutos
Direção: Curtis Harrington

O jovem Dennis Hopper é o protagonista da estreia de Harrington, um marinheiro que encontra uma misteriosa mulher chamada Mora em um passeio noturno. Aos poucos, a fascinação toma conta de seu estado de espírito. Mas assassinatos e as aparições de uma mulher ainda mais misteriosa (interpretada por Marjorie Cameron, ocultista discípula de Aleister Crowley) imprimirão uma aura de suspense e terror na jornada romântica dos dois. Colaborador de Maya Deren e Kenneth Anger, pupilo de James Whale e Josef von Sternberg, Harrington fez de seu cinema um encontro extraordinário entre a vanguarda e o horror. A grande referência de A Noite do Terror é o lendário ciclo produzido por Val Lewton na produtora RKO, nos anos 1940, em especial o clássico Sangue de Pantera, de Jacques Tourneur.

22h – UMA MULHER CHAMADA SADA ABE (Jitsuroku Abe Sada)
Japão, 1975, 76 minutos
Direção: Noboru Tanaka

No filme, dois hospedes dão entrada em uma pousada em Arakawa, Tóquio: um homem chamado Ishida Kichizo, dono de um restaurante em Nakano, e uma mulher chamada Abe Sada, empregada em seu estabelecimento. Eles se conhecem há cerca de um mês, quando começaram a trabalhar juntos, e logo se tornaram íntimos. A visita à pousada trata-se na verdade de uma fuga, visto que o casal acaba de ser descoberto pela esposa de Kichizo. Durante vários dias eles mal deixarão o quarto, entregando-se aos prazeres de seus corpos noites e dias a fio, entre jogos de submissão, sexo e morte levados ao extremo. Se a sinopse soa familiar, é porque Uma Mulher Chamada Sada Abe é baseado na mesma história real que aconteceu na década de 1930 e inspirou Nagisa Oshima a realizar, em 1976, seu clássico O Império dos Sentidos. Mas a abordagem política de Tanaka e o interesse pela contextualização da personagem da mulher, num claro aceno à arte de outro mestre da Nouvelle Vague Japonesa, o Shohei Imamura (de A Mulher Inseto), leva o filme a um território do erotismo ainda mais desconcertante.

00h – MYSTICS IN BALI (Leák)
Indonésia, 1981, 86 minutos
Direção: H. Tjut Djalil

A premissa é simples: uma jovem norte-americana vai a Bali para pesquisar a magia oculta local. Lá ela conhecerá através de um amante a magia leák, “a mais poderosa do mundo”. A partir do primeiro encontro com a grande bruxa do culto, cada noite revelará uma nova experiência de delírio e horror. Com uma narrativa minimalista, efeitos especiais singulares e uma apropriação inventiva do folclore do sudoeste asiático e da mitologia balinesa, Mystics in Bali tornou-se rapidamente um marco do cinema de horror da Indonésia e, nas décadas seguintes, um objeto de culto entre fãs do gênero do mundo inteiro.

02h – VIOLÊNCIA E TERROR (Intruder)
Estados Unidos, 1989, 88 minutos
Direção: Scott Spiegel

A trama é promissora: funcionários que trabalham à noite na remarcação de preços de um supermercado acabam encurralados por maníaco homicida que começa a matá-los: um a um. Spiegel usa a locação única com uma criatividade invejável, experimentando enquadramentos atípicos e criando cenas de mortes dignas de qualquer antologia do cinema de horror. A demência do assassino é agraciada pela violência gráfica extrema do filme, cortesia do trio Gregory Nicotero, Howard Berger e Robert Kurtzman, responsáveis pelos efeitos de clássicos dos anos 1980 como Dia dos Mortos, A Noite dos Arrepios, O Predador, Uma Noite Alucinante, entre outras obras-primas. O filme ainda conta com Ted Raimi no elenco e tem uma participação especial de Bruce Campbell.

04h – PURANA MANDIR
Índia, 1984, 138 minutos
Direção: Shyam Ramsay e Tulsi Ramsay

Uma nobre família indiana convive há 200 anos com uma maldição: todas as mulheres se transformarão em monstros hediondos e morrerão no parto. Apaixonada por um fotógrafo desprovido de muitas rendas, em um romance iniciado a contragosto do pai, a jovem Suman tentará acabar com a maldição viajando para o templo antigo onde tudo começou. Mas nessa jornada ela vai experimentar o terror para além de seus pesadelos mais selvagens. Com antológicos momentos musicais, passeando pelo terror, a ação e a comédia, Purana Mandir tem todos os elementos que fazem das produções indianas do gênero as mais singulares do mundo. Sucesso de público, o filme assustou toda uma geração de espectadores e iniciou o boom do horror na Bollywood dos anos 1980.

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