AC/DC em São Paulo – Dez anos do maior show da Terra

No dia 27 de novembro de 2009 o AC/DC apresentou o maior show da Terra no estádio do Morumbi em São Paulo. A apresentação fez parte da turnê mundial do disco Black Ice, lançado em outubro de 2008. De lá para cá a banda perdeu seu fundador, guitarrista base e principal compositor Malcolm Young em 2014, mesmo ano de lançamento do álbum Rock Or Bust e teve que lidar com o afastamento do vocalista Brian Johnson por motivo de saúde, substituído em 2016 por Axl Rose. Três anos depois rumores especulam o lançamento de um novo disco ainda para 2019 e uma nova turnê para 2020 com Brian Johnson de volta ao grupo, sem que nada tenha sido oficialmente confirmado pela banda até o momento.  ac/dc em são paulo 2009

A apresentação de 2009 foi a primeira em 13 anos no Brasil e a terceira 24 anos depois do show no primeiro Rock in Rio. O local escolhido foi o Estádio Cícero Pompeu de Toledo, onde reuniram-se cerca de 72.000 pessoas para ver um show de rock and roll “de verdade”, com muito suor e bastante pirotecnia. Entrar no Morumbi por si só é uma experiência única, olhar do gramado e ver a magnitude dos três anéis povoados por outros fãs fazem você se sentir um grão de areia e começa a fazer você entender que está prestes a participar de algo maior.

Logo na primeira música o telão se abre no meio para o surgimento de um gigantesco Rock n’ Roll Train descarrilhado que só sai dali quase no final do show depois de levar Rosie para um passeio. Nada muito diferente do que estávamos acostumados a ver no DVD da turnê anterior do álbum Stiff Upper Lip, quando um igualmente gigantesco boneco de Angus Young entrava literalmente rasgando no palco. Mas certamente algo impressionante de ver ao vivo, especialmente quando se pensa em toda a estrutura necessária para fazer aquilo.

Um show do AC/DC é visceral como nenhum outro. Impressiona a gana com que Brian e Angus cantam e tocam e não precisam sequer pedir a participação da plateia, não existe o tradicional grito “let’s make some noise”, todo mundo sabe a hora de fazer “ah, ah, ah, ah, ah” em Thunderstruck. Esse tipo de entusiasmo e devoção é cada vez mais raro hoje em dia, tempos de públicos frios para os quais a atitude de não se importar e reclamar da acústica parece bem mais madura. Ver um estádio daquele tamanho participar ativamente do show como se o AC/DC estivesse pela 15ª vez no Brasil faz você ter a certeza de que está participando de algo maior e que talvez nunca se repita.

Chega então o momento de Brian Johnson pular no enorme sino que desce do topo do palco para fazer entoar as badaladas de abertura de Hells Bells, outro número tradicional, presente nas apresentações desde a década de 80, quando foi lançado o disco homônimo, mas que ao vivo tem outro sabor. Quando você pensa que não tem mais nada para acontecer, na décima sétima música do show, como se fosse necessário manter o pique da plateia, Angus dirige-se para o final da passarela que se estende até o meio do estádio. Lá, visível até mesmo para o pessoal da última fila, é erguido sobre um palco móvel de acrílico durante o solo, recheado de muita improvisação, de Let There Be Rock, para que o pessoal do terceiro anel também possa o ver de perto.

Assim como o Kiss, o AC/DC encontrou a fórmula do sucesso e a repete há mais de 40 anos, se você para para pensar as músicas são todas iguais e apesar de toda pirotecnia, ninguém é capaz de acusar o AC/DC de ser uma banda comercial. Muito pelo contrário, a banda agrada tanto o fã clube do Eagles quanto do Slipknot, e todo roqueiro já disse pelo menos uma vez na vida a frase: “eu queria ir num show do AC/DC”. Porque não há perna que não balance quando Brian grita Fire! e os canhões disparam no palco em For Those About to Rock, porque não há poro que não sue pulando em Highway to Hell e não há sensação mais compensadora do que estar ali ouvindo Back in Black ao vivo, assistindo o striptease de Angus em The Jack ou cantando o refrão de You Shook Me All Night Long. Pode ter certeza, não importa qual a sua banda preferida, o AC/DC ao vivo é o maior show da Terra.

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