Tiro, porrada e bomba. Assim pode ser resumido o novo filme de John Wick, uma história simples, um roteiro não lá muito criativo, mas que gera compaixão. John Wick é um anti-herói sem nenhuma causa nobre, como defender a humanidade da extinção ou evitar que um terrorista detone uma bomba atômica no centro de Nova Iorque, mas mesmo assim virou uma das mais instigantes histórias do cinema.
A definição folclórica de Baba Yaga, apelido de John Wick no filme, talvez seja a melhor descrição do personagem. Segundo os contos dos povos eslavos que habitavam a europa oriental e ásia, Baba Yaga seria uma bruxa que podia ajudar ou dificultar aqueles que a encontravam ou a procuravam, desempenhando um papel maternal ou de vilã, um ser completamente ambíguo e enigmático, que ajudava os puros de coração e devorava os impuros. Assim é o John Wick interpretado por Keanu Reeves, um homem que estava quieto, aposentado, que havia deixado para trás seus dias de assassino profissional e queria apenas sofrer a morte de sua mulher em paz, até ser provocado por um adolescente mimado, que acreditava estar acima do bem e do mal e que suas ações não teriam nenhuma consequência.
John Wick carrega uma tristeza profunda no olhar, tem um caminhar errático e transmite a sensação de que não queria estar fazendo aquilo, mas que é obrigado a fazê-lo. Essa personalidade gera tanto a compaixão dos espectador, como de colegas do crime, que traem a alta cúpula para ajudá-lo. A mística em torno da figura de John Wick é tão instigante que somos levados a ser solidários com uma batalha individual de um assassino, com uma história que não nos diz respeito. Mas John Wick tem algo de verdadeiro dentro dele, algo de honesto, além é claro da avidez do público que procura batalhas mais humanas, sem poderes especiais nem lutas sobrenaturais, um homem simples na batalha pessoal para defender a memória de sua mulher.
Do ponto de vista cinematográfico, a franquia também luta para não virar um clichê. É muito fácil encontrar filmes do gênero que se transformaram em verdadeiras piadas, desde a invencibilidade de Chuck Norris até os roteiros frágeis de Carga Explosiva, protagonizados por Jason Statham. Mas neste terceiro capítulo de John Wick tudo indica que a saga pode deixar a prateleira de ação. Se quiser ser um clássico, não tenha medo dos clichês.
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