Morrostock 2018: “Nossa sorte é ter coragem”

Lirinha, Cordel do Fogo Encantado

Texto de Diego Rosinha, direto de Santa Maria
Fotos de Marla Mera e Divulgação/Morrostock

A frase que dá título a esse texto é do vocalista do grupo Cordel do Fogo Encantando, o Lirinha. A banda, formada ainda por Clayton Barros, Emerson Calado, Nego Henrique e Rafa Almeida, foi um dos destaques da 12ª edição do festival Morrostock, que aconteceu em uma ilha de paz e empatia nesses dias sombrios, o Balneário Ouro Verde de Santa Maria/RS entre os dias 30 de novembro e 2 dezembro.

Ainda agitado pelo show, carregado de mensagem e ritmos afro-indigenistas, Lirinha ressaltou a importância do festival, que reuniu milhares de pessoas num ambiente de amizade e utopia, onde o “Bolsonaro não é e jamais seria presidente”, como tantas vezes citado em intervenções artísticas durante o evento. “O nosso maior desafio, nesse momento político difícil, de ameaças a todas as liberdades, é continuar abrindo espaços para a diversidade, proporcionando a mudança através do amor”, disse.

Por outro lado, o show não teve um discurso político direto – como visto em muitos outros durante esses dias rebeldes no Morrostock 2018 -, mas subliminar nas mensagens passadas pela banda, tanto no lirismo das músicas, como nos discursos sobre liberdade e amor presentes nos breves intervalos de uma apresentação frenética e cheia de energia.

Para Lirinha, o grupo nunca precisou do discurso para legitimar uma música que já carrega, em si, a energia da transformação pelo amor, com respeito às liberdades e à diversidade em todas as suas esferas. “O nosso público é fantástico! Ele que se manifesta nos shows”, contou, ressaltando que, mesmo na região Sul do Brasil, onde o conservadorismo tem se mostrado mais latente, com alguns estados registrando mais de 70% dos votos para Bolsonaro no mais recente – e desastroso pleito – ele não sentiu esse fervor do fascismo. “Nas nossas apresentações, sempre temos um público muito identificado com as nossas causas. Veja aqui, como apareceram bandeiras e camisetas do MST”, disse, sem esconder o orgulho disso.

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O Cordel do Fogo Encantado abriu os trabalhos de três dias intensos de Morrostock, que contaram com mais de 30 bandas, de estilos diferentes e com uma só mensagem: liberdade. Alguns outros shows de destaque – dos que vi, pois com dois palcos e programação ininterrupta fica humanamente impossível acompanhar tudo o que rola lá – ficaram por conta dos Replicantes, Bloco da Laje, Ninfas (direto da Argentina), Carne Doce, Letrux, Bia Ferreira (que terá uma entrevista foda em breve aqui no Culturíssima), Luisa Gonçalves, Ema Stoned e Baby Satanás. Também rolaram oficinas e atividades, que trouxeram a sustentabilidade, a diversidade e a liberdade para a prática nos dias de Morrostock – e, esperamos nós, que para todos os demais!

Morrostock 2018 – Confira alguns momentos marcantes:

 

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